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O escritor Dalton Trevisan, conhecido como “O Vampiro de Curitiba”, morreu nesta segunda-feira (9), aos 99 anos, na capital paranaense. A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná confirmou a informação em um comunicado oficial, que também foi reforçada pela família em uma publicação nas redes sociais. A causa da morte não foi divulgada.
A família destacou que, embora o escritor tenha partido, seu legado permanece, referindo-se ao apelido que o consagrou e ao icônico livro de contos “O Vampiro de Curitiba”, de 1965.
Conforme comunicado, não haverá velório, e o corpo será encaminhado diretamente para o crematório Vaticano, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba.
Nascido em Curitiba em 14 de junho de 1925, Trevisan começou a carreira literária com a novela Sonata ao Luar, ganhando destaque nacional com a obra Novelas nada exemplares. Sua literatura, marcada por um estilo conciso e popular, explora tramas psicológicas e os costumes urbanos, revelando aspectos profundos do cotidiano. O autor conquistou prêmios importantes, como o Jabuti e o Camões, os mais prestigiados para escritores de língua portuguesa. No entanto, a organização do prêmio Camões revelou, em seu comunicado oficial, que não conseguiu contato com o autor para notificá-lo da homenagem.
Trevisan viveu de forma reclusa em Curitiba, evitando entrevistas desde os anos 1970. Poucas pessoas tinham acesso ao escritor, que, em 2021, deixou a casa onde vivia no Alto da Glória, ponto turístico para entusiastas de literatura, e mudou-se para um apartamento no Centro da cidade. A mudança ocorreu por motivos de saúde e segurança.
A Secretaria de Cultura do Paraná destacou o contraste entre a reclusão do autor e a vivacidade de sua produção literária, enaltecendo o rigor, a criatividade e a visão aguda de Trevisan sobre o ser humano. O comunicado enfatizou que o autor explorou as complexidades da vida urbana, abordando temas como solidão, dilemas morais e contradições sociais, com um olhar sensível para os marginalizados. Obras como O Vampiro de Curitiba, A Polaquinha e Cemitério de Elefantes foram mencionadas como exemplos de sua capacidade de transformar a capital paranaense em um verdadeiro personagem literário.
Uma das últimas imagens públicas de Trevisan foi registrada pelo fotógrafo baiano Alberto Viana, em 2007, na Rua XV de Novembro, em Curitiba, próximo ao Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná. O fotógrafo relembrou que o encontro foi uma coincidência, capturando o escritor enquanto ele seguia o trajeto habitual de sua casa para o mercado e uma livraria local. A fotografia, feita no início da era digital, permanece como um raro registro do autor em suas rotinas diárias.