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Uma pesquisa inédita publicada nesta quinta-feira (15) na revista Science revelou que o Brasil possui a maior diversidade genética do mundo. Liderado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), o estudo analisou o genoma de 2.723 pessoas de comunidades urbanas, rurais, ribeirinhas e indígenas de todas as regiões do país e identificou 8,7 milhões de variações genéticas nunca antes catalogadas.
O levantamento confirma a complexa miscigenação da população brasileira, resultado de séculos de interações entre povos indígenas, europeus e africanos. Segundo os pesquisadores, aproximadamente 60% da população tem ancestralidade europeia, 27% africana e 13% indígena, em proporções que variam conforme a região do país.
“A história genética do Brasil é marcada por um mosaico de ancestralidades que refletem tanto a migração forçada de africanos escravizados quanto a colonização europeia e o extermínio de populações indígenas”, afirmam os autores do estudo.
A pesquisa apontou ainda marcas genéticas da violência da colonização. Mais de 70% das linhagens do cromossomo Y, herdado dos homens, são de origem europeia, enquanto 42% das mitocôndrias, herdadas das mulheres, são africanas e 35% indígenas — evidência da violência sexual contra mulheres negras e indígenas durante o período colonial.
A distribuição da ancestralidade genética também varia por região: o Norte concentra o maior índice de ancestralidade indígena; o Nordeste, de africana; e o Sul, de europeia. Já o Sudeste e o Centro-Oeste apresentam a maior mistura entre os três grupos.
Os cientistas destacam que, apesar de sua diversidade, o Brasil e outras populações do Sul Global seguem subrepresentadas em pesquisas genômicas. Segundo os pesquisadores, essa lacuna compromete a compreensão dos efeitos da miscigenação na saúde e no desenvolvimento genético dessas populações.
“É essencial incluir essas populações nos estudos genéticos para que avanços científicos e médicos beneficiem também esses grupos. O Brasil, com sua diversidade única, é uma peça-chave nesse esforço global”, concluem os autores.
