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O policial civil José Antônio Lourenço, morto na manhã desta segunda-feira (19) durante a Operação Gelo Podre, integrava a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele também teve atuação destacada na gestão municipal, tendo sido subsecretário de Ordem Pública da capital fluminense entre 2022 e 2023, na administração do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Durante a ação, que teve como alvo uma fábrica de gelo na Cidade de Deus e uma distribuidora na Barra da Tijuca, Lourenço foi baleado em meio a um intenso confronto armado. A equipe da qual fazia parte dava apoio às delegacias do Consumidor (Decon) e do Meio Ambiente (DPMA) no cumprimento de mandados de busca. Ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, onde passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Em nota, a Polícia Civil lamentou a perda. “A perda de um dos nossos é sentida com dor e indignação. A secretaria se solidariza com os familiares, amigos e colegas neste momento de luto, também vivido por cada um da instituição.”
O sepultamento de Lourenço ocorrerá nesta terça-feira (20), às 15h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O secretário municipal de Ordem Pública e delegado Brenno Carnevale, que atuou ao lado de Lourenço na prefeitura, também se manifestou nas redes sociais:
“Obrigado pela sua amizade e parceria. Ser humano diferenciado, profissional absolutamente íntegro e dedicado. Que Deus te receba, irmão”, escreveu.
Além da carreira na segurança pública, Lourenço era diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis e fundador da consultoria de gestão e liderança empresarial Evolugis. Em suas redes sociais, costumava compartilhar registros de sua rotina profissional, declarações à esposa, Marcelle, e fotos da cadela do casal.
Em 2021, publicou o poema “Heróis da vida real”, de Bráulio Bessa, acompanhado de uma imagem em defesa da vida dos policiais:
“[Herói] É um bom policial / arriscando a própria vida / pra que a sociedade / esteja bem protegida / um voluntário na guerra / distante de sua terra / cuidando de uma ferida”, diz um trecho.
Fábrica de gelo contaminado
A operação que terminou com a morte do agente teve como foco o combate à venda irregular de gelo na orla da cidade. A investigação começou em fevereiro, após fiscalização conjunta identificar irregularidades. Amostras coletadas em quiosques da praia apresentaram contaminação por coliformes fecais, segundo laudos da Cedae.
Nesta segunda-feira, equipes retornaram a locais investigados para verificar as condições sanitárias, além de apurar crimes ambientais, contra o consumidor, ligações clandestinas de energia elétrica e consumo irregular de água. Segundo a Decon, novas amostras foram coletadas e encaminhadas para perícia.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Bernardo Rossi, destacou a gravidade das descobertas:
“A presença de coliformes evidencia falhas graves no controle sanitário. Estamos desde o ano passado fiscalizando várias empresas, algumas clandestinas, que atuam na venda de gelo, mas sem qualquer cuidado com a saúde e o ambiente. Não têm credenciamento, atuam fora da lei. Seguimos trabalhando para evitar que a população seja enganada e consuma produtos fora dos padrões sanitários”, afirmou.
