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A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, na manhã desta quinta-feira (16), a “Operação Banca Suja”, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida na exploração de jogos de azar on-line, fraudes contra apostadores e lavagem de dinheiro. De acordo com as investigações, o grupo movimentou mais de R$ 130 milhões em apenas três anos.
A ação é conduzida pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) e cumpre 15 mandados de busca e apreensão, além de bloquear R$ 65 milhões em contas bancárias. As diligências ocorrem no Recreio, Zona Sudoeste do Rio, e na Baixada Fluminense, principalmente em Duque de Caxias.
Esquema milionário e conexões com o PCC
Segundo a Polícia Civil, o grupo também mantinha conexões comerciais com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Alguns dos investigados aparecem em outro inquérito que apura os negócios ilícitos do contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o “Adilsinho”, apontado como líder da chamada “Banca da Grande Rio”, envolvida no comércio ilegal de cigarros. Embora Adilsinho não seja alvo direto das buscas, os agentes tentam entender as relações financeiras e empresariais entre os investigados e o contraventor.
As investigações começaram a partir da análise de movimentações financeiras da empresa One Publicidade e Marketing Digital Ltda, conhecida como “Palpite na Rede” — um suposto site de apostas que, na prática, funcionava como cassino on-line ilegal.
Lavagem de dinheiro e empresas de fachada
De acordo com o inquérito, o esquema envolvia transferências milionárias entre contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas à plataforma, além de empresas de pequeno porte sem capacidade financeira compatível. Uma das investigadas, a AGR Distribuidora de Bebidas, movimentou R$ 36 milhões em pouco mais de um ano, parte do valor em espécie e de forma fracionada, estratégia típica de lavagem de dinheiro.
O relatório da DCOC-LD aponta que o site e as redes sociais da “Palpite na Rede” divulgavam publicamente atividades ilícitas, como cassinos virtuais e outros jogos de azar, considerados contravenções penais pela legislação brasileira. A empresa também não consta na lista de operadores autorizados pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda.
A decisão da Justiça, que autorizou as buscas e os bloqueios, foi baseada em relatórios da Polícia Civil e em parecer favorável do Ministério Público. O documento ressalta que as apostas podem estar ligadas ao jogo do bicho e a outras atividades ilícitas.
Ligações com fábrica clandestina de cigarros
Os investigadores descobriram ainda que parte dos suspeitos tinha ligação com uma fábrica clandestina de cigarros, desmantelada em julho de 2022, em Duque de Caxias, onde 23 trabalhadores paraguaios foram encontrados em situação análoga à escravidão. Um dos alvos da operação foi identificado como contador de quatro empresas investigadas por envolvimento no esquema criminoso.
A “Operação Banca Suja” é mais um desdobramento das ações da Polícia Civil fluminense contra organizações ligadas à contravenção e à lavagem de dinheiro, que vêm se expandindo para o mercado ilegal de apostas e plataformas on-line.