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O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, anunciou nesta quarta-feira (29) a instauração de um inquérito para apurar quem participou da remoção de mais de 70 corpos encontrados em uma área de mata no Complexo da Penha, suspeita de fraude processual. Segundo Curi, “operaram uma mágica” ao retirarem roupas camufladas dos mortos, que depois foram expostos em uma praça da comunidade “só de cueca”.
“Esses indivíduos estavam na mata, equipados com roupas camufladas, coletes e armamentos. Agora, muitos deles surgem apenas de cueca ou short, sem qualquer equipamento, como se tivessem atravessado um portal e trocado de roupa. Temos imagens que mostram pessoas retirando esses criminosos da mata e os colocando em vias públicas, despindo-os”, afirmou o secretário.
O motivo pelo qual as forças de segurança não removeram os corpos na terça-feira (28) ainda não foi esclarecido. Um balanço divulgado pelo governo do estado contabilizava 64 mortos, incluindo quatro policiais. Até 13h desta quarta-feira, 119 mortos deram entrada no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, segundo Curi. A Defensoria Pública do estado informou que o número total de mortos na megaoperação chega a 132, e alguns corpos ainda não foram retirados pela Defesa Civil Estadual do Complexo da Penha.
“É importante destacar que, nos boletins de ocorrência, a polícia está classificando os mortos como ‘opositores’, ou seja, criminosos que cometeram tentativa de homicídio contra os nossos agentes. Nossos policiais estão sendo tratados como vítimas, e os mortos como autores dos crimes”, completou Curi. O inquérito foi instaurado pela 22ª Delegacia de Polícia (Penha) para investigar possível fraude processual.
O governador Cláudio Castro (PL) publicou nas redes sociais um vídeo que, segundo ele, comprovaria a “manipulação de corpos”, em uma tentativa de “mudar a cena para culpar a polícia”. Moradores dos complexos do Alemão e da Penha encontraram os corpos na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia. Eles foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, na manhã desta quarta-feira. Alguns apresentavam sinais de decapitação, tiros na nuca e facadas nas costas.
É revoltante ver até onde o crime é capaz de ir para tentar enganar a população.
Circulam vídeos mostrando claramente a manipulação de corpos depois dos confrontos: pessoas cortando roupas camufladas, tentando mudar a cena para culpar a polícia. pic.twitter.com/84anqp3rIw
— Cláudio Castro (@claudiocastroRJ) October 29, 2025
Operação Contenção
A megaoperação das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro foi deflagrada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, como parte da Operação Contenção, com o objetivo de desarticular lideranças do Comando Vermelho na região. Cerca de 2.500 policiais civis e militares cumpriram mandados de prisão e busca, resultando na detenção de 113 suspeitos e apreensão de 10 adolescentes infratores. Também foram apreendidas 118 armas, incluindo 91 fuzis, além de explosivos, munições e drogas.
As equipes enfrentaram intensa resistência armada, com troca de tiros, barricadas incendiadas e ataques com drones por parte de criminosos. Pelo menos quatro moradores ficaram feridos durante a operação.
O governador Cláudio Castro classificou a ação como um “sucesso” e destacou que as únicas “vítimas” foram os quatro policiais mortos. Já o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que “a alta letalidade era previsível, mas não era desejada”.