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O número de brasileiros que vivem sozinhos nunca foi tão alto. Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que 19,6% dos domicílios do país são ocupados por uma única pessoa — o equivalente a 13,6 milhões de brasileiros morando sozinhos. Em 2000, essa proporção era de apenas 10,4%, revelando uma transformação significativa na estrutura familiar nacional.
O levantamento aponta um equilíbrio entre homens e mulheres que vivem sozinhos: são 6,8 milhões de homens e 6,7 milhões de mulheres. No entanto, há uma diferença importante entre os grupos: 53% das mulheres que moram sozinhas têm 60 anos ou mais, enquanto entre os homens o percentual é de 30,8%.
Envelhecimento, independência e menos casamentos
De acordo com o IBGE, o aumento dos lares unipessoais está ligado ao envelhecimento populacional, à busca por independência e à redução dos casamentos formais. O fenômeno, segundo o órgão, acompanha tendências observadas em outros países, como os da OCDE, onde 34% dos lares europeus são formados por apenas uma pessoa — incluindo jovens, divorciados, viúvos e pessoas que optam por viver sozinhas.
Mercado imobiliário acompanha mudança
A nova configuração familiar também influencia o setor imobiliário. Segundo o Índice FipeZAP, os imóveis de um dormitório foram os que mais se valorizaram no último ano, com alta de 7,8% nos preços, impulsionada pela procura de unidades compactas e de maior liquidez.
Já os imóveis maiores, com quatro quartos ou mais, registraram valorização mais moderada, de 5,57%, reflexo da menor demanda e dos custos de manutenção mais elevados.
Desafios e políticas públicas
O IBGE alerta que o aumento de pessoas morando sozinhas traz novos desafios para as políticas públicas. Segundo o instituto, o consumo de energia por morador é maior, o custo de vida tende a ser mais alto e há maior vulnerabilidade econômica, especialmente em situações de desemprego ou doença, pela ausência de uma rede familiar de apoio.
“Mesmo com melhora recente nas condições dos domicílios unipessoais em alguns países europeus, são necessárias políticas direcionadas a esses domicílios, buscando a proteção de seus moradores”, destacou o IBGE.
O órgão defende investimentos em moradias acessíveis, eficiência energética e políticas ambientais sustentáveis para garantir qualidade de vida a quem vive só — ressaltando que morar sozinho não significa viver isolado, já que muitos mantêm fortes laços familiares e sociais.
Mulheres no comando dos lares
O Censo 2022 também mostrou o avanço das famílias chefiadas por mulheres, que passaram de 37,3% em 2010 para 48,8% em 2022.
Para o IBGE, esse crescimento reflete a maior escolaridade, a participação crescente das mulheres no mercado de trabalho e mudanças culturais no papel feminino dentro dos lares brasileiros.