Ciência e Tecnologia

Cientistas Descobrem a Planta Marinha Mais Antiga do Mundo

Foto: Divulgação

Em uma pesquisa pioneira, um grupo internacional de cientistas desvendou os segredos da planta marinha mais antiga do mundo registrada, desenterrando um espécime de 1.400 anos do fundo do Mar Báltico. Essa descoberta notável, publicada na revista Nature Ecology and Evolution, abre um novo capítulo na compreensão da longevidade e resiliência das espécies marinhas, além de oferecer ferramentas valiosas para a conservação de ecossistemas frágeis. A jornada para desvendar a idade dessa ervalheira (Zostera marina) centenária começou com o desenvolvimento de um método inovador: o “relógio genético”. Essa técnica engenhosa analisa a acumulação de mutações somáticas – alterações no DNA que ocorrem ao longo da vida – para determinar com alta precisão a idade de um clone vegetal.

Ao aplicar o relógio genético a um vasto conjunto de dados de ervalheiras do Mar Báltico, a equipe liderada pelo Dr. Thorsten Reusch, Professor de Ecologia Marinha no Centro Helmholtz GEOMAR para Pesquisa Oceânica em Kiel, na Alemanha, deparou-se com algo extraordinário: um clone com a idade impressionante de 1.402 anos. Essa descoberta supera em muito a longevidade de animais marinhos conhecidos, como o tubarão da Groenlândia e o quahog do oceano, que vivem apenas algumas centenas de anos. Para confirmar essa idade extraordinária, os cientistas contaram com um aliado crucial: um clone de ervalheira mantido em cultura por 17 anos na Universidade da Califórnia, Davis (UC Davis). Essa referência viva serviu como ponto de calibração para o relógio genético, validando a precisão do método e consolidando a descoberta da planta marinha centenária.

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A longevidade excepcional da ervalheira do Mar Báltico levanta questões intrigantes sobre sua resiliência em um ambiente desafiador. Como essa planta conseguiu prosperar por milênios em um mar sujeito a temperaturas variáveis, salinidade e outros fatores estressantes? Essa descoberta abre um novo campo de pesquisa para entender os mecanismos que permitem que algumas espécies vegetais prosperem em condições adversas. Além de revelar a planta marinha mais antiga já conhecida, o estudo tem implicações significativas para a conservação de ecossistemas marinhos. A capacidade de determinar a idade com precisão de clones vegetais permitirá aos cientistas avaliar melhor a dinâmica populacional e os impactos de eventos como mudanças climáticas e atividades humanas. “Esses dados são cruciais para desvendar um dos enigmas mais antigos da genética da conservação: por que clones tão grandes podem persistir em ambientes variáveis e dinâmicos”, explica o Dr.

“Com o relógio genético, podemos agora identificar clones em risco e desenvolver medidas de conservação mais eficazes para proteger esses organismos centenários e os ecossistemas que eles sustentam.” O estudo abre caminho para pesquisas futuras que explorarão a longevidade de outras espécies marinhas, como corais e algas. Os cientistas acreditam que algumas espécies de ervalheira do gênero Posidonia, com clones que se estendem por mais de 10 quilômetros, podem revelar ainda mais segredos da longevidade vegetal. A descoberta da planta marinha mais antiga do mundo é um marco na ecologia e na genética da conservação. Através do desenvolvimento de ferramentas inovadoras como o relógio genético, os cientistas estão desvendando os segredos da longevidade vegetal e abrindo caminho para a proteção de ecossistemas marinhos frágeis, garantindo a preservação da rica biodiversidade dos oceanos para as gerações futuras.

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