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A recente vitória de Calin Georgescu, um candidato ultranacionalista pró-Rússia, no primeiro turno das eleições presidenciais da Romênia, trouxe à tona um intenso debate sobre o papel do TikTok nas campanhas políticas. A plataforma de vídeos curtos, que conquistou popularidade entre os mais jovens, está sendo acusada de favorecer o político, até então considerado um outsider, durante o processo eleitoral. A União Europeia e autoridades romenas agora exigem explicações sobre o conteúdo político que circulou na rede social, com suspeitas de manipulação e uso indevido da plataforma.
Na terça-feira (26), um legislador da União Europeia convocou o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, para comparecer a uma audiência no Parlamento Europeu. A pressão sobre a plataforma aumentou quando organizações não governamentais (ONGs) romenas pediram à Comissão Europeia uma investigação aprofundada sobre a conformidade do TikTok com o Digital Services Act (DSA). Este regulamento europeu, que estabelece diretrizes para a moderação de conteúdo em grandes plataformas online, também se aplica a campanhas eleitorais e publicidade política.
As autoridades romenas, incluindo o regulador nacional de mídia Ancom, apontaram que o TikTok não respondeu de maneira eficaz a solicitações para garantir a integridade da eleição. Alegações incluem a proliferação de contas falsas e influenciadores pagos que não divulgaram publicamente a origem dos conteúdos patrocinados. Calin Georgescu, que aumentou seu número de seguidores na plataforma para mais de 370 mil durante a campanha, foi acusado de explorar essas práticas para impulsionar sua candidatura.
Bogdan Manolea, diretor-executivo da Associação para Tecnologia e Internet da Romênia, destacou que o TikTok foi usado de maneira inadequada e que um “exército de contas falsas” teria sido mobilizado para beneficiar o político. “O TikTok foi mal utilizado e se prestou a manipulações eleitorais”, afirmou Manolea.
O impasse levou a uma decisão do Tribunal Constitucional da Romênia, que ordenou uma recontagem dos votos do primeiro turno, após receber acusações de fraude eleitoral. A recontagem pode impactar a continuidade do processo eleitoral, que segue com o segundo turno marcado para o dia 8 de dezembro.
Em resposta, o porta-voz da Comissão Europeia, Thomas Regnier, confirmou que o pedido de investigação formal foi recebido e está em análise. “Estamos monitorando a situação de perto e, se houver provas suficientes, a Comissão poderá iniciar procedimentos”, disse Regnier.
Esse episódio coloca a União Europeia em uma posição delicada, já que uma investigação contra o TikTok poderia ser interpretada como uma interferência no processo eleitoral da Romênia, um país da UE com um histórico de turbulências políticas.
Por sua vez, o TikTok, controlado pelo conglomerado chinês ByteDance, defende suas práticas, afirmando que tem colaborado com a Comissão Eleitoral romena e que proíbe anúncios políticos pagos. “Mantemos diretrizes rigorosas para a moderação de conteúdo e continuamos a trabalhar para fornecer informações confiáveis e transparentes durante o processo eleitoral”, afirmou Paolo Ganino, porta-voz da plataforma.