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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), se manifestou nesta segunda-feira (5) sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em publicação nas redes sociais, Leite afirmou que recebe o episódio “com desânimo” e expressou desconforto com o fato de um ex-chefe do Executivo ser preso antes de julgamento por um colegiado da Suprema Corte.
“Não gosto da ideia de um ex-presidente não poder se manifestar, e gosto menos ainda de vê-lo ser preso por isso, antes ainda de ser julgado pelo órgão colegiado da Suprema Corte”, escreveu o governador gaúcho.
Leite também aproveitou a declaração para criticar o que chamou de ciclo recorrente de instabilidade política no país. “Percebam que, de cinco presidentes eleitos após a redemocratização, apenas um, Fernando Henrique, não foi preso ou sofreu impeachment. Nosso país não merece seguir refém desse cabo de guerra jurídico-político que só atrasa a vida de todos há anos”, disse. (Confira a íntegra da nota no final da matéria.)
A decisão de Alexandre de Moraes, que impôs prisão domiciliar integral a Bolsonaro, foi publicada na noite de segunda-feira (4) e está relacionada ao descumprimento de medidas cautelares impostas ao ex-presidente. O ministro apontou que Bolsonaro usou redes sociais, por meio de interlocutores próximos, para influenciar e se manifestar sobre atos políticos — em especial os ocorridos no último domingo (3), quando apoiadores realizaram manifestações em diversas cidades.
De acordo com Moraes, Bolsonaro agiu de forma deliberada ao desrespeitar decisões do STF, o que justificaria medidas mais severas. O despacho cita publicações feitas por Flávio e Carlos Bolsonaro, filhos do ex-presidente, e pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), contendo falas de apoio aos atos. Também foi incluído no processo um vídeo em que Bolsonaro, em ligação com Flávio, envia uma mensagem aos manifestantes em Copacabana: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”. A gravação foi apagada pouco depois.
Eis a íntegra da declaração de Leite:
Como brasileiro, recebo com desânimo este episódio envolvendo a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não gosto da ideia de um ex-presidente não poder se manifestar — e gosto menos ainda de vê-lo ser preso por isso, antes mesmo de ser julgado pelo órgão colegiado da Suprema Corte.
Não discuto a legalidade ou a razão jurídica. Mas é importante observar que, dos cinco presidentes eleitos após a redemocratização, apenas um — Fernando Henrique — não foi preso ou sofreu impeachment. Nosso país não merece seguir refém desse cabo de guerra jurídico-político que só atrasa a vida de todos há anos.
Até quando vamos continuar dobrando a aposta para ver no que dá? Até quando nossa energia será consumida na tentativa de exterminar adversários, em vez de ser direcionada para erradicar os graves problemas do país?
Como nação, é hora de refletir sobre os profundos danos causados pela polarização e buscar novos caminhos. Não se trata mais de qual lado tem razão — trata-se de manter a serenidade e a esperança no Brasil que sonhamos e queremos construir.