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Cerca de 31,3 milhões de pessoas, equivalentes a 35,5% da população ocupada no Brasil, recebiam até um salário mínimo – R$ 1.212 – em 2022, segundo dados do novo recorte do Censo 2022 sobre Trabalho e Rendimento, divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento traz informações detalhadas sobre ocupação, renda e escolaridade dos trabalhadores brasileiros.
Enquanto um terço da força de trabalho recebe os menores salários, apenas 7,6% dos trabalhadores ganham acima de cinco salários mínimos (R$ 6.060). A renda média nacional no período foi de R$ 2.851. A região Centro-Oeste apresentou o maior rendimento médio (R$ 3.292), impulsionado pelo agronegócio e pelos altos salários do funcionalismo público no Distrito Federal.
Desigualdade racial e de gênero
O Censo revela que as desigualdades raciais permanecem no mercado de trabalho. Pessoas que se declararam amarelas e brancas tiveram os maiores rendimentos médios mensais em todos os níveis de escolaridade. Entre quem possui ensino superior completo, a média salarial foi de R$ 8.411 para amarelos e R$ 6.547 para brancos, enquanto pardos e pretos receberam R$ 4.559 e R$ 4.175, respectivamente. Indígenas tiveram rendimento médio de R$ 3.799.
Entre os trabalhadores que ganham até um salário mínimo, 52,4% são pardos e 13,9% são pretos. Brancos representam 32,8%, indígenas 0,6% e amarelos 0,2%. Proporcionalmente, 43,4% dos pardos e 43,3% dos pretos recebem até um salário mínimo, contra 25,8% dos brancos.
A desigualdade de gênero também se mantém. Em 2022, 82,6% dos homens entre 35 e 39 anos estavam ocupados, contra 63,6% das mulheres na mesma faixa etária. Apesar de 28,9% das mulheres ocupadas terem ensino superior completo – frente a 17,3% dos homens –, a diferença salarial persiste. Homens com nível superior ganhavam, em média, R$ 7.347, enquanto as mulheres recebiam R$ 4.591.
Rendimento domiciliar e desigualdade regional
O rendimento domiciliar per capita evidencia o abismo social entre municípios brasileiros. Nova Lima (MG) registrou o maior valor do país, R$ 4.300, enquanto Uiramutã (RR) teve o menor, R$ 289 – uma diferença de 15 vezes.
Em 520 cidades (9,3% do total), o rendimento médio do trabalho ficou abaixo de um salário mínimo, enquanto apenas 19 municípios registraram média superior a quatro salários mínimos (R$ 4.848). A média nacional foi de R$ 1.638 por pessoa, com as regiões Sul (R$ 2.058), Centro-Oeste (R$ 1.953) e Sudeste (R$ 1.910) acima da média, e Nordeste (R$ 1.072) e Norte (R$ 1.075) abaixo.
O levantamento do IBGE evidencia a persistência das desigualdades no mercado de trabalho brasileiro, seja por renda, gênero ou raça, e reforça a necessidade de políticas públicas que promovam maior equidade e valorização dos trabalhadores em todas as regiões do país.