Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão. Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
Uma onda de manifestações tomou conta das redes sociais nesta terça-feira (3), com diversos humoristas brasileiros se posicionando contra a condenação de Leo Lins a oito anos e três meses de prisão. Nomes como Antonio Tabet, Danilo Gentili, Mauricio Meirelles, Fábio Rabin, Thiago Ventura e Jonathan Nemer expressaram indignação com a decisão judicial.
O apresentador Danilo Gentili disparou, ao vivo: “No país em que o INSS é usado para fraudar velhinhos à força, a Justiça puniu um comediante. Soa como uma piada de mau gosto”.
Gentili também criticou as justificativas para a condenação. “Piadas são apenas piadas. Agora, o outro argumento dúbio, e fartamente reproduzido na imprensa, é de que o humor não é um passe livre para cometer crimes”, ponderou. Ele ainda questionou: “Qual é o limite da novela? Qual é o limite da poesia? Até onde uma ficção pode ir?”. Para o apresentador, quando a arte é censurada, toda a sociedade corre risco, pois “liberdade de expressão só pode ser irrestrita”.
“Ninguém deve ser preso pela sua arte”
Maurício Meirelles publicou uma reflexão afirmando que “ninguém deve ser preso pela sua arte” e opinou que “estão prendendo comediantes por contar piada”. Ele ironizou, em publicação no X (antigo Twitter): “Quer saber? Vou parar de fazer piada e entrar pro Comando Vermelho”.
O humorista foi condenado pelos crimes do artigo 20 da Lei do Racismo (“praticar e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”) e do artigo 88 do Estatuto da Pessoa com Deficiência (“discriminação de pessoa em razão de sua deficiência”).
“Decisão absurda” e “país que leva piada a sério”
Antonio Tabet, um dos criadores do canal Porta dos Fundos, chamou a decisão da Justiça de “absurda”. “Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida”, afirmou em publicação no X.
O comediante Jonathan Nemer, também no X, afirmou que “essa é a merda que acontece no Brasil… um país que leva a sério piadas que humoristas contam nos shows, e levam na brincadeira o que políticos fazem”.
Renato Albani compartilhou no Instagram uma print de reportagem sobre o caso, escrevendo: “Você acha que você [vive] num país sério? Então veja isso aqui”. Já Thiago Ventura publicou um vídeo breve no Instagram, com print de manchete noticiando a condenação, e disse apenas que “não é possível não, pô”, com a legenda: “É o que?”. Muitos seguidores de Ventura, no entanto, rechaçaram o posicionamento nos comentários da postagem.
Além da prisão, em regime inicialmente fechado, Lins também deve pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos (no valor da época em que o show ocorreu) e indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
Na decisão, a Justiça entendeu que “no caso de confronto entre o preceito fundamental de liberdade de expressão e os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica, devem prevalecer os últimos”. Cabe recurso à sentença. O processo corre na 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
O motivo da condenação, divulgada na última sexta-feira (30), foi a publicação, no canal do YouTube do Leo Lins, de um vídeo contendo discursos considerados de ódio contra várias minorias.
