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O humorista Leo Lins se pronunciou em um vídeo publicado em seu canal no YouTube nesta quinta-feira (5), abordando a condenação imposta pela Justiça Federal na última terça-feira (3). Leo Lins foi sentenciado a oito anos e três meses de prisão, em regime inicialmente fechado, sob a acusação de ter feito “discursos preconceituosos contra diversos grupos minoritários” em uma apresentação.
Além da pena de prisão, o humorista terá que pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos (em valores da época da gravação) e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. A sentença ainda cabe recurso.
No vídeo, Lins afirmou que falaria como Leonardo de Lima Borges Lins, e não como o humorista Leo Lins, explicando a distinção entre sua pessoa e sua “persona cômica”. “Talvez nem todos saibam, mas o humorista, no palco, interpreta uma ‘persona cômica’”, disse ele.
“Antes de me pronunciar, eu quis ler toda a sentença da juíza que condenou um humorista, no caso eu, há mais de 8 anos de prisão e uma multa de quase 2 milhões. Esse vídeo não é de piada. Eu tô em casa com os meus gatos. Aqui a pessoa Leonardo de Lima Borges Lins e não o comediante Leo Lins. Uma persona cômica criada ao longo de anos que faz piadas ácidas, críticas e que sabe que nem todas as piadas são para todas as pessoas”, iniciou Leo Lins.
Ele completou sua defesa: “Talvez nem todos saibam, mas o humorista num palco interpreta um personagem, uma persona cômica. Na construção do texto nós utilizamos figuras de linguagem, hipérbole, metáfora e ironia numa licença estética e, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico”.
Lins ainda criticou o que chamou de “cegueira racional” nos julgamentos atuais. “Show de humor, apresentação de stand-up comedy, obra teatral, ficção, você está entrando em um teatro, está em um canal do humorista Leo Lins, mas parece que as pessoas perderam a capacidade de interpretar o óbvio. Estamos vivendo uma das maiores epidemias dos últimos tempos, a da cegueira racional. Os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção e ninguém quer mais ouvir o próximo, quer no máximo convencê-lo da sua própria verdade. Isso pode trazer consequência para qualquer pessoa, mas no caso de um juiz, de uma juíza, pode trazer consequências gravíssimas”, relatou.
Ele continuou, alertando para as consequências de sentenças como a sua: “Concordar com sentenças como essa é assinar um atestado que nós somos adultos infantiloides sem a menor capacidade de discernir o que é bom ou ruim para nós e precisamos de um estado falando do que você pode rir, o que você pode ouvir, o que você vai poder comer, o que você pode falar e até um dia o que você pode pensar”.
O humorista agradeceu o apoio recebido. “Agradeço aos colegas, familiares, aos humoristas, juristas, jornalistas. Eu recebi milhões, milhares de mensagens. Confesso que foram foi acima da minha expectativa as pessoas que estão se posicionando a meu favor e claro, a vocês, as milhões de pessoas que acompanham o meu trabalho. Eu sempre falo que vocês são muito importantes para mim e me dão força para continuar seguindo em frente.”
Ele finalizou o longo monólogo com uma mensagem positiva: “Eu tenho fé que no fim vai dar tudo certo, até porque se rir virou crime, o silêncio virou regra”.
