A demissão coletiva anunciada pelo grupo de procuradores da Lava Jato na Procuradoria Geral da República, alegando “grave incompatibilidade de entendimento dos membros” com a “manifestação enviada pela PGR ao STF”, prenuncia mais um golpe na operação.
Segundo informou o site O Antagonista, a revolta dos procuradores tem relação com a manifestação de Raquel Dodge sobre a delação do empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS; Dodge teria enviado a delação para homologação, porém pedindo arquivamento preliminar de trechos em que estariam citados o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e José Ticiano Toffoli, ex-prefeito de Marília pelo PT e irmão do presidente do STF, Dias Toffoli.
O pedido de arquivamento preliminar impede que a íntegra da delação seja submetida à análise do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
Não se sabe o que há no acordo de delação que possa incriminar Rodrigo Maia; porém, sobre o irmão de Dias Toffoli, o teor é conhecido há alguns meses:
a OAS teria financiado a compra da renúncia do então prefeito de Marília, Mário Bulgarelli – que estava prestes a ser cassado por desvio de recursos comprovado por uma CPI – para que o vice-prefeito Ticiano assumisse; uma vez empossado, o novo prefeito direcionou para a empreiteira baiana a licitação de uma obra. A OAS ainda teria fornecido recursos de forma ilegal para financiar sua campanha à reeleição, o que acabou não acontecendo.
A se confirmar que Raquel Dodge atua como mais uma peça na engrenagem que parece determinada a blindar os ministros do STF – sobretudo o seu presidente – até mesmo dos respingos provenientes das descobertas da Operação Lava Jato, estaremos diante de mais um escândalo.
Mas é provável que jamais saibamos.