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Um tribunal russo condenou nesta terça-feira quatro jornalistas a cinco anos e meio de prisão por supostamente colaborarem com um grupo considerado extremista, fundado pelo falecido líder da oposição Alexei Navalny.
Antonina Favorskaya, Konstantin Gabov, Sergey Karelin e Artyom Kriger foram considerados culpados por cooperar com a Fundação de Luta contra a Corrupção, organização criada por Navalny e declarada ilegal e extremista em 2021. Todos alegaram inocência e afirmaram que estavam sendo perseguidos por exercerem a profissão de jornalista.
O julgamento ocorreu a portas fechadas e é parte de uma repressão cada vez mais intensa contra a dissidência na Rússia, agravada desde que Moscou invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022. Autoridades russas têm perseguido opositores, jornalistas independentes, ativistas de direitos humanos e cidadãos críticos ao Kremlin, prendendo centenas e forçando milhares ao exílio.
Favorskaya e Kriger trabalharam para o SotaVision, veículo de mídia independente russo que cobre protestos e julgamentos políticos. Gabov atuou como produtor independente para diversas organizações, incluindo a Reuters. Karelin, videorrepórter freelancer, colaborou com veículos internacionais como a Associated Press.
Favorskaya afirmou em uma audiência anterior que estava sendo punida por ter feito uma reportagem sobre os abusos sofridos por Navalny na prisão, além de ter ajudado a organizar seu funeral. Gabov, em sua declaração final, publicada pelo jornal independente Novaya Gazeta, afirmou que a acusação era infundada e que nada havia sido provado contra ele.
“Entendo perfeitamente em que tipo de país vivo. Ao longo da história, a Rússia nunca foi diferente. O jornalismo independente é tratado como extremismo”, declarou Gabov.
Karelin também entregou uma declaração final ao tribunal, publicada pela Novaya Gazeta, na qual explicou que havia feito entrevistas para o canal do YouTube Popular Politics, fundado por aliados de Navalny, enquanto tentava sustentar sua esposa e filho pequeno. Ressaltou que o canal não é considerado extremista e que não cometeu nenhuma ilegalidade.
“O remorso é uma circunstância atenuante. Mas quem deve sentir remorso são os criminosos. Estou na prisão pelo meu trabalho, pela honestidade e imparcialidade do jornalismo, PELO AMOR à minha família e ao meu país”, afirmou.
Kriger, em sua declaração publicada pelo SotaVision, disse que foi preso e incluído no registro russo de extremistas e terroristas apenas por ter cumprido seu trabalho jornalístico com honestidade e integridade durante quatro anos e meio.
“Não desanimem, pessoal. Isso vai acabar um dia, e quem nos condenou é que vai parar atrás das grades”, disse Kriger após o veredicto.
Na saída da audiência, apoiadores reunidos no tribunal aplaudiram e gritaram palavras de apoio aos jornalistas.
A ONG russa de direitos humanos Memorial classificou os quatro como presos políticos, entre mais de 900 atualmente detidos no país. Entre eles está Mikhail Kriger, tio de Artyom Kriger, ativista preso desde 2022 e condenado a sete anos de prisão por “apologia ao terrorismo” e “incitação ao ódio” após escrever no Facebook que desejava “enforcar” o presidente Vladimir Putin.
(Com informações da AP)
