(Reuters) – O executivo da União Europeia produzirá uma “caixa de ferramentas” de medidas que os países da UE podem tomar para enfrentar os aumentos dos preços da energia sem violar as regras do mercado de energia do bloco, disse na quarta-feira, conforme os consumidores enfrentam um forte aumento nas contas com o inverno se aproximando.
Os preços da energia na Europa dispararam este ano, mais do que triplicando na Espanha e em outros lugares, principalmente devido ao aumento do preço do gás natural usado para geração de energia e aquecimento, além da baixa produção de energia renovável e preços mais altos do carbono na UE.
O comissário de energia da UE, Kadri Simson, disse que Bruxelas produzirá orientações para ajudar os países a enfrentar o aumento dos preços nas próximas semanas.
“Propus aos ministros hoje a elaboração de uma caixa de ferramentas mais estruturada, que acreditamos poderia ser útil para todos os estados membros para enfrentar a situação atual”, disse Simson na quarta-feira, após uma reunião de ministros de energia dos países da UE.
A caixa de ferramentas ajudaria os governos a navegar pelas opções para responder rapidamente aos picos de preços dentro das regras da UE, disse Simson, acrescentando que eles podem ajustar o imposto sobre valor agregado (IVA) e impostos especiais de consumo ou usar suporte direto para proteger os consumidores de altos custos.
Os preços de referência do gás na Europa aumentaram mais de 250% desde janeiro, aumentando à medida que as economias ao redor do mundo reabriram após os bloqueios da COVID-19, com a alta demanda na Ásia reduzindo o fornecimento para a Europa. Ele enviou ondas de choque por meio de indústrias dependentes de gás, que incluem tudo, desde a geração de energia até os fabricantes de CO2 usado no comércio de alimentos.
A Espanha tem liderado pedidos para que a UE organize uma resposta mais coordenada aos picos de preços. Na segunda-feira, pediu à Comissão que fornecesse opções sobre como os Estados da UE poderiam responder e sugeriu reformar o mercado de eletricidade do bloco.
Simson disse que o desenho do mercado europeu de eletricidade não contribuiu para os aumentos de preços e que os preços de energia no atacado representam apenas um terço das contas dos consumidores, com impostos e outros elementos constituindo o restante.
‘NÃO ESTÁ BEM PARA A NOSSA ECONOMIA’
Espanha, Itália, Grécia e outros países já estão planejando medidas nacionais, que vão de subsídios a tetos de preços, com o objetivo de proteger os cidadãos dos custos crescentes à medida que as economias se recuperam da pandemia COVID-19.
A Alemanha disse não ver a necessidade de intervenção do governo para conter o aumento dos preços do gás.
As preocupações com o aumento dos custos de energia podem encorajar os oponentes do plano da Comissão de lançar um novo mercado de carbono para edifícios e o setor de transporte, uma medida que alguns países da UE e legisladores alertaram que aumentaria as contas dos consumidores.
Analistas disseram que os preços crescentes do gás, e não o preço que as empresas europeias pagam por licenças para cobrir suas emissões de CO2, foram os principais responsáveis pelo aumento dos custos de eletricidade.
Bruxelas disse que o aumento dos preços deve encorajar os países a acelerar a mudança dos combustíveis fósseis.
“Precisamos dar passos decisivos na direção certa usando nossos próprios recursos disponíveis localmente – precisamos diminuir nossa dependência dos combustíveis fósseis”, disse o ministro de infraestrutura da Eslovênia, Jernej Vrtovec, que liderou a reunião ministerial de quarta-feira.
O ministro austríaco do clima e energia, Leonore Gewessler, disse que uma mudança mais rápida para as energias renováveis tornaria a UE “mais resistente às flutuações de preços no longo prazo”.
Na Grã-Bretanha, um ex-membro da UE, as autoridades disseram que o salto nos preços do gás forçaria mais fornecedores de energia britânicos a fecharem as portas e a indústria precisaria se preparar para dores prolongadas. Vários fornecedores de energia já faliram.