Nesta quarta-feira (23), o chanceler da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que o reconhecimento da Rússia das “repúblicas populares” no leste da Ucrânia deve preocupar a todos os integrantes da ONU.
De acordo com ele, está claro que o presidente russo Vladimir Putin não irá parar sozinho ou no território ucraniano.
“Seus governos e os seus povos irão encarar consequências dolorosas com o nosso governo e o nosso povo”, disse Kuleba durante a Assembleia Geral da ONU. “É por isso que precisamos utilizar essa última chance de ação e parar a Rússia onde ela está. Está claro que o presidente Putin não vai parar sozinho”.
Kuleba afirmou também que essa é a pior crise de segurança na Europa desde o fim da 2ª Guerra Mundial e tem o potencial para ser uma catástrofe para além da Ucrânia.
O chanceler ucraniano afirmou que a situação é um ataque direto para todos os Estados integrantes da ONU e à paz.
“O início de uma grande guerra na Ucrânia será o fim da ordem mundial como conhecemos”, disse Kuleba. “Se a Rússia não receber respostas rápidas e severas agora, isso será uma completa falência do sistema internacional de segurança e das instituições cuja tarefa é manter a segurança internacional”.
“A Rússia não vai parar na Ucrânia”, completou o chanceler ucraniano.
Kuleba afirmou ainda que a Ucrânia acredita na diplomacia e que tenta diminuir a tensão. Mas pediu ajuda da ONU, com “ações concretas e resolutas”.
O ministro ucraniano também criticou o discurso de Putin realizado na segunda-feira (21). Segundo ele, a Rússia ameaça a própria existência da Ucrânia, um dos países fundadores da ONU.
“Essa crise foi aumentada por um lado unilateralmente, pela Federação Russa. As acusações da Rússia contra a Ucrânia são absurdas. A Ucrânia nunca ameaçou ou atacou alguém”, afirmou Kuleba.
O chanceler negou ainda que esteja agindo militarmente contra a Rússia ou na região do leste de seu país. Mas afirmou que a nação tem direito a auto-defesa e está pronta para “todos os cenários” possíveis.
“A Ucrânia nunca planejou e não planeja esse tipo de ação. A Ucrânia nunca planejou e não planeja qualquer tipo de ofensiva militar em Donbass, nem qualquer provocação ou atos de sabotagem”.
Kuleba lembrou ainda do Memorando de Budapeste e o compromisso dos países de respeitarem o território ucraniano.
Segundo ele, a Ucrânia não tem intenções de ter armas nucleares, mas espera reciprocidade. “O mundo deve à Ucrânia sua segurança.”