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Os eleitores alemães votam neste domingo para eleger um novo Parlamento, que definirá os rumos políticos do país. O bloco conservador, liderado por Friedrich Merz, surge como favorito para substituir o atual chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD). A eleição ocorre em meio a uma crescente polarização política, impulsionada pelo avanço da ultradireita e pelas tensões internacionais.
O pleito renovará o Bundestag (Parlamento federal), que conta com 736 assentos. As pesquisas mais recentes apontam a União Democrata-Cristã (CDU/CSU) como a favorita, com cerca de 32% das intenções de voto. “Uma CDU/CSU fortalecida pode redesenhar o mapa político da Alemanha”, avaliam analistas. A coalizão conservadora de Merz enfrenta um SPD fragilizado, que, apesar dos esforços de Scholz, tem dificuldades para manter sua influência em meio a uma economia em crise.
O governo alemão espera uma participação significativa nas urnas, com mais de 59 milhões de eleitores aptos a votar. A votação ocorre das 8h às 18h (horário local), e o voto por correio tem sido cada vez mais utilizado. Os primeiros resultados das pesquisas de boca de urna serão divulgados logo após o fechamento das seções eleitorais, enquanto a contagem oficial dos votos pode se estender até a madrugada de segunda-feira.
Merz busca devolver CDU ao poder
O principal candidato à chancelaria é Friedrich Merz, líder da CDU, que tenta recolocar o partido no comando da Alemanha após os anos de governo de Angela Merkel. Aos 68 anos, ele baseou sua campanha em propostas econômicas, prometendo uma política fiscal mais rigorosa e maior controle sobre a imigração. “A Alemanha precisa mudar de rumo após a gestão de Scholz”, declarou Merz, destacando a recuperação econômica e a segurança nacional como prioridades.
Por outro lado, o atual chanceler Olaf Scholz tem sido criticado pela falta de avanços em temas como habitação, emprego e transição energética. Seu partido apostou na justiça social e na recuperação pós-pandemia, mas perdeu apoio em comparação com as eleições de 2021. “O governo social-democrata investiu em programas sociais como nenhum outro”, defendeu Scholz, citando medidas para fortalecer a solidariedade europeia.
Desafios para o próximo governo
A economia alemã é um dos principais desafios para o próximo governo. Após os impactos da pandemia, da guerra na Ucrânia e da crise energética, o país tem registrado um crescimento lento, com previsão de alta de apenas 0,4% no PIB em 2025, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica da Alemanha (DIW).
A questão energética segue no centro do debate. A dependência da Alemanha do gás russo ficou evidente após a invasão da Ucrânia, elevando os custos de eletricidade e combustíveis e gerando descontentamento popular. Merz promete cortes nos gastos públicos e redução de impostos para impulsionar a economia, mas sua proposta de reformar o sistema de bem-estar social enfrenta resistência de setores mais vulneráveis.
Já Scholz tenta minimizar os efeitos da crise com programas de transição energética e modernização industrial, mas seu governo foi duramente criticado pela gestão da inflação e das finanças públicas durante a pandemia.
Além da economia, o novo governo terá de lidar com questões geopolíticas, como a necessidade de maior independência energética e o fortalecimento da defesa nacional. A política migratória também será um ponto central. O aumento do fluxo de refugiados pressiona os sistemas de acolhimento, especialmente em grandes cidades. Merz defende medidas mais rígidas, enquanto SPD e os Verdes pregam políticas mais inclusivas.
O modelo de bem-estar social alemão, um dos pilares da Europa, também deve passar por reformas. A CDU propõe cortes em alguns benefícios, o que promete gerar intensos debates sobre a sustentabilidade do sistema e a justiça social no país.
Formação do governo pode levar semanas
Sem previsão de maioria absoluta para nenhum partido, as negociações para formar uma coalizão devem ser complexas. Apesar do favoritismo da CDU, Merz precisará de aliados estratégicos para governar. Os Verdes aparecem como uma opção moderada, mas até mesmo uma aliança com o SPD pode ser cogitada, embora improvável no curto prazo.
Independentemente de quem assuma a chancelaria, o próximo governo terá que agir rapidamente para enfrentar os desafios estruturais do país. “As questões econômicas e energéticas não podem esperar”, alertam especialistas. O cenário de indefinição pode prolongar as negociações, como ocorreu em 2021, quando as conversas para formar um novo governo duraram semanas.
(Com informações de AP, EFE e AFP)
