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Cerca de 15 milhões de pessoas votaram no domingo (24) nas primárias simbólicas organizadas pelo principal partido de oposição da Turquia, o CHP, em uma demonstração massiva de apoio ao recém-deposto prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, informou a prefeitura.
“De um total de 15 milhões de votos, 13.211.000 são votos de solidariedade”, disse a prefeitura sobre as primárias planejadas há muito tempo, nas quais Imamoglu seria nomeado candidato do partido para a corrida presidencial de 2028.
Observadores disseram que a iminência das primárias foi o que desencadeou o movimento contra Imamoglu, amplamente considerado o único político capaz de desafiar o presidente Recep Tayyip Erdogan.
Ao longo do dia, os eleitores compareceram em massa às urnas em 81 cidades, depois que o CHP abriu o acesso às urnas além de seus 1,7 milhão de membros do partido para qualquer pessoa que quisesse participar. As pessoas saíram para votar em tal número que a votação foi prolongada por três horas e meia.
Imamoglu foi detido na madrugada de quarta-feira (20), o que desencadeou protestos multitudinários que se espalharam por toda a Turquia. A votação ocorreu no momento em que um tribunal de Istambul formalizava sua prisão no âmbito de uma investigação por corrupção.
Várias horas depois, o Ministério do Interior o suspendeu como prefeito e o enviou para uma prisão nos arredores ocidentais da megacidade.
Imamoglu foi suspenso de seu cargo e preso neste domingo (24) por “corrupção”. Ele foi transferido para a prisão de Silivri, a oeste de Istambul, junto com vários de seus co-acusados, informaram seu partido e a mídia turca.
O prefeito, que denunciou desde o início acusações “imorais e sem fundamento” contra ele, também foi suspenso de suas funções no domingo (24), anunciaram as autoridades.
“O atual processo judicial (…) é uma execução sem julgamento”, afirmou Imamoglu em uma mensagem divulgada por seus advogados, na qual instava a nação “a lutar”.
Na manhã de domingo (24), um juiz ordenou a prisão do prefeito por “corrupção”, embora tenha rejeitado uma ordem de prisão por “terrorismo”.
O Partido Republicano do Povo (CHP, social-democratas), principal força de oposição à qual Imamoglu pertence, classificou a decisão como um “golpe de Estado político”. Seus advogados anunciaram que recorrerão da decisão do tribunal.
“Ekrem Imamoglu está a caminho da prisão, mas também da presidência”, declarou o líder do CHP, Özgür Özel.
“Viemos apoiar nosso prefeito. Continuamos com ele”, disse Kadriye Sevim, uma participante desta primária, durante a qual multidões de eleitores foram vistas chegando a algumas das seções eleitorais.
Além disso, o CHP convocou novamente para a noite de domingo (24) manifestações em Istambul, pelo quinto dia consecutivo.
Para evitar distúrbios, o governo de Istambul estendeu a proibição de reuniões até a noite de quarta-feira (27). Também anunciou restrições para entrar na cidade para todas as pessoas que possam participar de manifestações, sem especificar como implementaria a medida.
A onda de contestação é inédita desde as grandes manifestações que começaram no parque Gezi de Istambul e sacudiram o país em 2013.
A rede social X denunciou neste domingo (24) que as autoridades turcas pediram o fechamento de mais de 700 contas na plataforma.
“Nos opomos às múltiplas ordens judiciais da Autoridade Turca de Tecnologias da Informação e Comunicação para bloquear mais de 700 contas de organizações de notícias, jornalistas, figuras políticas, estudantes e outros dentro da Turquia”, disse a plataforma em um comunicado.
“Acreditamos que esta decisão do governo turco não só é ilegal, mas também impede que milhões de usuários turcos acessem informações e debates políticos em seu país”, acrescentou X.
Centenas de pessoas foram presas em pelo menos nove cidades durante os protestos, segundo as autoridades.
“As manifestações continuarão (…). A nação está de pé e não cederá”, declarou Ayten Oktay, uma farmacêutica de 63 anos em Istambul, onde dois prefeitos de bairro presos ao mesmo tempo que Imamoglu também foram suspensos no domingo (24), acusados de “corrupção” e “terrorismo”.
O conselho municipal elegerá um vice-prefeito na quarta-feira (27), anunciou o governo.
“Continuaremos lutando”, garantiu Ercan Basal, um psicólogo de 53 anos, na capital, Ancara, instando o governo a “reverter este erro”.
Erdogan, que está no poder há mais de duas décadas – primeiro como primeiro-ministro e depois como presidente – prometeu por sua vez não ceder ao “terror da rua”.
Imamoglu se tornou a pedra no sapato do chefe de Estado quando arrebatou em 2019 a prefeitura de Istambul do partido do presidente. O AKP, o Partido da Justiça e Desenvolvimento, havia dominado a capital econômica do país por 25 anos.
Bu gece Saraçhane’de ve ülkemin dört bir yanındaki meydanlarda adalet isteyen milyonlara selamlarımı gönderiyorum. pic.twitter.com/bTEfCjd6M8
— Ekrem İmamoğlu (@ekrem_imamoglu) March 23, 2025
