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Mahmoud Khalil, um dos manifestantes detidos na Universidade de Columbia, teria omitido suas ligações com uma controversa agência da ONU para refugiados palestinos em seu pedido de visto, alegam autoridades federais dos Estados Unidos.
Segundo o jornal New York Post, advogados do Departamento de Justiça apresentaram novas acusações contra o líder dos protestos anti-Israel em documentos judiciais no fim de semana, argumentando que essas omissões deveriam ser motivo para sua deportação.
Ainda conforme o veículo, Khalil, portador de green card detido por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) em Nova York em 8 de março, teria aplicado fraudulentamente para mudar seu status de imigração sem revelar sua “filiação a certas organizações”, disseram as autoridades federais.
Entre essas organizações estava a Agência de Assistência e Obras das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), uma agência de ajuda que perdeu milhões de dólares em financiamento federal após um relatório explosivo que alegava que alguns de seus membros participaram do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Khalil foi oficial de assuntos políticos da UNRWA de junho a novembro de 2023.
O Departamento de Justiça também alega que Khalil não revelou que trabalhava no Escritório da Síria na Embaixada Britânica em Beirute, Líbano, quando solicitou seu visto, nem que era membro do Columbia University Apartheid Divest, um grupo anti-Israel que iniciou protestos na universidade da Ivy League.
A detenção de Khalil gerou um debate nacional sobre os direitos de liberdade de expressão, com seus advogados alegando que ele foi ilegalmente alvo de deportação pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA por causa de seu ativismo, que, segundo eles, eram ações protegidas pela Primeira Emenda.
No entanto, as autoridades federais afirmaram em documentos judiciais que o fato de ele ter supostamente mentido em seu pedido de visto forneceu uma “base independente” para deportá-lo, anulando os direitos de liberdade de expressão. “As alegações da Primeira Emenda de Khalil são uma cortina de fumaça”, alegam os documentos.
A liberdade de expressão não “supera a prerrogativa e o controle do executivo sobre a imigração”, alegaram as autoridades federais.
Khalil, um sírio de 30 anos de ascendência palestina e cidadão da Argélia, foi inicialmente acusado sob uma lei obscura que permite ao secretário de Estado iniciar um processo de deportação contra alguém que é considerado uma ameaça aos objetivos da política externa dos EUA. Essa acusação ainda está em vigor, juntamente com as novas alegações feitas contra ele na semana passada.
Khalil entrou nos EUA com um visto de estudante em dezembro de 2022 para buscar um mestrado em administração pública na Escola de Assuntos Internacionais e Públicos da Universidade de Columbia. Ele solicitou a residência permanente em 2024, após se casar com uma cidadã americana, Noor Abdalla, que está grávida de oito meses.
Khalil, que está detido em um centro de detenção de imigração na Louisiana, busca ser libertado da custódia com base na alegação de que sua prisão foi ilegal. Enquanto isso, ele pede a um juiz que o transfira de volta para um centro de detenção em Nova Jersey ou Nova York, para que possa ficar mais perto de sua esposa grávida e trabalhar com seus advogados de Nova York para combater o caso.
Seu caso de deportação deve ser julgado em um tribunal de imigração antes que as autoridades federais possam prosseguir com sua deportação. Os advogados de Khalil disseram que planejam apresentar uma resposta.
Marc Van Der Hout, advogado de imigração de Khalil, disse em um comunicado que as novas acusações “são completamente sem mérito”. As novas acusações “mostram que o governo não tem caso algum sobre esta acusação falsa de que sua presença nos EUA teria consequências adversas para a política externa”, disse Van Der Hout. “Este caso é puramente sobre atividade e discurso protegidos pela Primeira Emenda, e cidadãos americanos e residentes permanentes são livres para dizer o que desejam sobre o que está acontecendo no mundo.”
Khalil está processando separadamente a Columbia, o Barnard College afiliado e o Comitê de Educação e Força de Trabalho da Câmara e seu presidente, o deputado Tim Walberg (republicano de Michigan), para impedir que os registros disciplinares de outros estudantes envolvidos em manifestações antissemitas no campus sejam divulgados pelas escolas ao Congresso.
Na segunda-feira, os advogados de Walberg e do comitê alegaram que um juiz não tem jurisdição para interferir com os legisladores nesta questão. “Nada na Constituição exige que membros do Congresso devidamente eleitos fiquem parados enquanto uma onda de antissemitismo varre os campi universitários de nossa nação, levando à discriminação contra estudantes judeus em instituições de ensino superior que recebem bilhões de dólares em fundos federais”, afirmaram os documentos judiciais.
