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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, descartou nesta quinta-feira (28) a possibilidade de iniciar negociações de alto nível com a Rússia em curto prazo, alegando que Moscou não demonstrou disposição real para avançar em direção a uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia.
Rubio afirmou que ainda falta progresso “no plano técnico” e que as condições não estão maduras para uma rodada de conversas diplomáticas. “Há muito trabalho a ser feito com ambas as partes, particularmente com o lado russo, com quem não conversamos há anos”, declarou Rubio após retornar de uma viagem ao Caribe. Ao ser questionado sobre um prazo para avançar, ele respondeu: “Não posso dar uma data. Isso não depende apenas de nós”.
As declarações de Rubio ocorrem dias após os Estados Unidos anunciarem um acordo preliminar entre Kiev e Moscou para interromper os ataques no Mar Negro, embora Moscou tenha apresentado condições, exigindo o levantamento das sanções impostas pelo Ocidente após a invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022. Rubio reiterou que a posição de Washington é clara: Moscou deve aceitar incondicionalmente a proposta ucraniana de um cessar-fogo de 30 dias. Ele criticou as tentativas do Kremlin de condicionar qualquer cessação das hostilidades ao levantamento de medidas econômicas, classificando essa postura como uma chantagem inaceitável no contexto de uma guerra de agressão.
Enquanto isso, o presidente russo, Vladimir Putin, propôs nesta sexta-feira (29), na cidade de Murmansk, a criação de uma “administração de transição” na Ucrânia sob supervisão da ONU, com o objetivo de organizar eleições e negociar posteriormente um acordo com as novas autoridades. “Poderíamos discutir isso com os Estados Unidos, com a Europa e nossos parceiros, sob os auspícios das Nações Unidas”, declarou Putin, em uma proposta vista por Kiev como uma tentativa de legitimar uma ocupação parcial do país. Ele afirmou que Moscou estaria disposto a negociar um acordo de paz com essas autoridades “legítimas” e assinar documentos definitivos. Como argumento, citou o precedente do Timor Leste, administrado provisoriamente pela ONU em 1999, embora tenha omitido que essa transição respondeu ao colapso institucional de um território ocupado, não a uma invasão estrangeira. Putin também garantiu que as forças russas têm atualmente “a iniciativa estratégica” em todas as frentes do conflito e prometeu intensificar as operações militares. “Há razões para acreditar que vamos acabar com eles”, disse, referindo-se às tropas ucranianas.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, expressou satisfação após a cúpula realizada em Paris, convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron. No encontro, Macron e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer foram designados como representantes da Europa em possíveis negociações de paz com a Rússia. “Hoje, todos na Europa concordamos que ela será representada pela França e pelo Reino Unido. É uma posição clara e queremos transmitir esse sinal aos nossos parceiros, e sem dúvida, aos Estados Unidos”, indicou Zelensky. Ele também enfatizou que não pode haver um acordo sem a presença europeia na mesa de negociação. “A posição ucraniana é muito clara. É necessário. Não vemos alternativa”, disse.
Macron insistiu que as sanções europeias contra a Rússia devem ser mantidas enquanto não houver avanços reais e verificáveis, e defendeu a criação de um contingente militar europeu que garanta o cumprimento de um eventual acordo de paz. Embora o envio dessa força não tenha sido decidido, os países participantes – 31 no total – reafirmaram seu compromisso com a soberania ucraniana e rejeitaram que a Rússia possa impor condições como a redução do exército ucraniano após a guerra. Zelensky destacou que a reunião concluiu com compromissos concretos, como o anúncio de nova ajuda militar para a Ucrânia, e com a rejeição comum a qualquer fórmula de negociação que legitime a agressão russa ou limite a capacidade defensiva do país agredido.
