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Uma medida controversa do Departamento de Estado dos Estados Unidos resultou na revogação de mais de 300 vistos de estudante nas últimas semanas, afetando dezenas de alunos e ex-alunos de diversas universidades da Califórnia. A informação foi confirmada pelo Secretário de Estado Marco Rubio e surge em meio a uma crescente atenção da administração do ex-presidente Donald Trump sobre o envolvimento de estudantes estrangeiros em atividades políticas, com foco particular no ativismo pró-palestino.
Segundo informações obtidas pela NBC News, a onda de revogações atingiu membros de pelo menos seis instituições do sistema universitário da Califórnia, incluindo a prestigiada Universidade de Stanford, a Universidade da Califórnia em Berkeley, UC San Diego, UC Davis, UC Irvine e UCLA.
A Universidade de Stanford divulgou no último domingo, 6 de abril, que seis membros de sua comunidade tiveram seus vistos cancelados. Desses, quatro estão atualmente matriculados e dois são ex-alunos recentes. A instituição explicou que descobriu as revogações durante uma revisão de rotina do banco de dados do Sistema de Informação para Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVIS). “Stanford notificou os estudantes sobre as revogações e colocou à disposição assistência jurídica externa”, afirmou a universidade em comunicado oficial.
O sistema da Universidade da Califórnia também se manifestou, indicando que as alterações no status migratório de estudantes internacionais impactam múltiplos campi. “Esta é uma situação dinâmica, e seguimos avaliando suas implicações para a comunidade universitária e as pessoas afetadas”, expressou a administração universitária. Devido a preocupações com a privacidade, detalhes pessoais dos estudantes afetados não foram divulgados.
No campus da UC Berkeley, seis pessoas foram impactadas: dois estudantes de graduação, dois de pós-graduação e dois ex-alunos. Estes últimos estavam no país sob o programa STEM Optional Practical Training Extension, que concede uma extensão de 24 meses para estudantes internacionais trabalharem em áreas relacionadas aos seus estudos. “A universidade continuará cumprindo todas as leis estaduais e federais aplicáveis”, declarou a UC Berkeley em seu comunicado.
A UC San Diego confirmou a perda de visto de cinco estudantes, enquanto a UC Davis informou que as visas de sete alunos atualmente matriculados e cinco ex-alunos foram revogadas. “O governo federal não explicou os motivos por trás dessas cancelamentos”, lamentou a UC Davis, que também ressaltou que a situação “permanece em desenvolvimento” e está sendo monitorada ativamente.
A UC Irvine, embora tenha reconhecido o impacto das medidas, não especificou o número de membros de sua comunidade afetados. “A UC Irvine está fornecendo orientação e recursos para apoiar nossa comunidade diante desses desenvolvimentos”, declarou a instituição.
O impacto também chegou à Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde o reitor Julio Frenk confirmou que seis estudantes atualmente matriculados e outros seis ex-alunos com vistos OPT tiveram seus permisos de permanência anulados. “Reconhecemos que essas ações podem gerar grande incerteza e ansiedade”, escreveu Frenk, reiterando o compromisso da instituição com sua comunidade de estudantes internacionais.
Embora as autoridades federais não tenham divulgado detalhes sobre os critérios utilizados para revogar os vistos, a medida parece ter sido desencadeada após uma série de detenções de acadêmicos pró-palestinos pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE). Em março, o Secretário Rubio já havia declarado que o Departamento de Estado havia anulado pelo menos 300 vistos, aludindo a estudantes estrangeiros “envolvidos em ativismo político”.
As universidades afetadas têm reiterado seu apoio aos direitos legais dos estudantes internacionais e à sua capacidade de estudar e trabalhar no país. Paralelamente, advogados de imigração têm apontado à mídia local que esse tipo de ação pode enfrentar contestações legais caso seja considerado que viola os direitos constitucionais dos afetados.
A administração universitária da Califórnia informou que cada campus está gerenciando os casos individualmente e que continuam coletando informações enquanto aguardam esclarecimentos sobre os motivos do governo federal. Até o momento, nenhuma agência federal forneceu uma explicação pública detalhada sobre os fundamentos legais das revogações ou sobre o perfil exato dos estudantes afetados.
