Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão. Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
A incerteza gerada pela onda de tarifas impostas por Donald Trump afetará “sem dúvida” o crescimento econômico global, disse na quarta-feira o presidente do Banco Mundial, antes da reunião semestral de autoridades econômicas que será realizada na próxima semana em Washington.
“A incerteza e a volatilidade contribuem sem dúvida para um ambiente econômico e empresarial mais cauteloso”, declarou Ajay Banga à imprensa, em alusão às turbulências que sacodem os mercados geradas pela nova política tarifária da administração americana.
Essa incerteza provocará “sem dúvida” um crescimento mais lento do que o previsto, acrescentou durante o evento virtual.
As Reuniões de Primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) começam na segunda-feira.
No entanto, a reunião de ministros da economia e banqueiros centrais será realizada em um contexto internacional complexo, já que a política tarifária do presidente americano ameaça prejudicar o crescimento econômico em muitas partes do mundo.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump impôs taxas de 25% a vários setores, como o automotivo, o aço e o alumínio, para tentar corrigir o que considera uma relação comercial injusta com o resto do mundo.
A Casa Branca também impôs uma nova tarifa de referência de 10% à maioria dos países e anunciou maiores impostos sobre as importações para dezenas de parceiros comerciais, decisão que depois suspendeu por três meses.
A China, o terceiro maior parceiro comercial dos Estados Unidos, foi afetada por uma avalanche de novas tarifas, chegando a 145%. Pequim, por sua vez, anunciou impostos alfandegários de retaliação de 125% sobre os produtos americanos.
Os Estados Unidos são o principal acionista do Grupo Banco Mundial e, historicamente, têm sido um impulsionador fundamental das políticas da instituição com sede em Washington.
Pouco antes de deixar o cargo, o governo de Joe Biden comprometeu os Estados Unidos a aportar 4 bilhões de dólares em novos recursos para a agência do Banco Mundial que aproveita fundos de doadores para conceder empréstimos e subsídios a alguns dos países mais pobres do mundo.
Até agora, o governo de Trump se recusou a cumprir a promessa de seu antecessor, o que gera dúvidas sobre a quantia de dinheiro que planeja aportar ao Banco Mundial e a outras instituições financeiras internacionais, como o FMI.
Na quarta-feira, Banga indicou que o Banco se conformaria com um financiamento menor dos Estados Unidos, mas que ainda mantém a esperança de que Washington mude de postura.
“Estamos mantendo um diálogo construtivo com o governo americano”, afirmou. “Não sei como isso vai terminar, mas não tenho nenhum problema com o diálogo que estou mantendo.”
Trump questionou repetidamente que o planeta sofra uma mudança climática provocada pelo ser humano.
Desde seu retorno à presidência, surgiu a preocupação de que essa posição possa afetar o orçamento do Banco Mundial, que se comprometeu a aumentar sua carteira de financiamento climático para 45% do total de empréstimos.
Banga declarou à imprensa na quarta-feira que, embora “as palavras possam ser problemáticas para alguns”, os compromissos climáticos reais do Banco deveriam ser menos controversos.
“Não estamos retirando fundos da educação, das escolas ou do desenvolvimento para financiar algo”, afirmou. “O que está dentro dos 45% é um compromisso de que metade, com o tempo, será destinada à resiliência e à adaptação.”
Banga também sugeriu que o Banco poderia em breve voltar a considerar o financiamento de projetos de energia nuclear e gás natural, algo que exigiria a aprovação dos países doadores.
“Não há razão para que um país da África não se preocupe com eletricidade acessível”, afirmou. Isso “inclui gás, energia geotérmica, hidrelétrica, solar, eólica e nuclear onde fizer sentido”.
(Com informações da AFP)
