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O presidente da Ucrânia, Volodímir Zelensky, acusou neste domingo (20) a Rússia de desrespeitar sistematicamente a trégua de 30 horas anunciada pelo presidente russo, Vladímir Putin, para o período da Páscoa ortodoxa. Segundo o líder ucraniano, Moscou violou o cessar-fogo mais de duas mil vezes desde que ele entrou em vigor, na tarde de sábado.
“Na prática, em todas as principais zonas do front, a Rússia não cumpriu sua promessa de trégua”, afirmou Zelensky, que também criticou a recusa russa em responder à proposta de estender o cessar-fogo para 30 dias. Pouco antes, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou à agência russa TASS que Moscou não pretende prolongar a trégua.
De acordo com Zelensky, as tropas russas lançaram 67 ataques contra posições ucranianas, a maioria deles na região de Pokrovsk, no leste de Donetsk. Ainda segundo o presidente, vários soldados ucranianos morreram em uma emboscada na área de Toretsk, também em Donetsk.
O Exército ucraniano relatou mais de 1.300 episódios de disparos de artilharia russa e 673 operações com drones de reconhecimento durante o período que deveria ser de cessar-fogo. A trégua expira à meia-noite (21h GMT) deste domingo.
A “trégua humanitária” de 30 horas foi anunciada de surpresa por Putin no sábado e seria o maior gesto de contenção desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. A medida foi divulgada em meio a nova pressão internacional por um acordo de paz.
Nos bastidores diplomáticos, os Estados Unidos, por meio do presidente Donald Trump, tentam há meses mediar uma solução entre Kiev e Moscou. Na sexta-feira, Washington ameaçou abandonar as negociações caso não haja progresso. O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, afirmou que os EUA darão “um passo ao lado” se não houver perspectiva real de paz.
Apesar do ceticismo, Trump disse ver “entusiasmo” por parte dos dois países em buscar um entendimento. Zelensky respondeu que, se a Rússia demonstrar disposição concreta para um acordo, a Ucrânia “agirá em conformidade”.
Nas ruas de Kiev, o clima é de desconfiança. “Eles já quebraram sua promessa. Infelizmente, hoje em dia não podemos confiar na Rússia”, afirmou uma comerciante da capital ucraniana.
