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Um major da Polícia Nacional da Bolívia foi preso por suspeita de oferecer proteção a Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, um dos chefes da facção criminosa PCC, capturado na semana passada em Santa Cruz de la Sierra. Segundo a imprensa local, Gabriel Jesus Soliz Heredia aparece em imagens ao lado do traficante brasileiro momentos antes da prisão dele, ocorrida dentro de um centro de identificação onde tentava validar documentos falsos.
As imagens, reveladas pelo jornal El Deber, mostram Tuta do lado de fora do Serviço Geral de Identificação Pessoal (SEGIP) acompanhado de um advogado e, na sequência, conversando com o major boliviano, que o orienta e realiza uma ligação antes de deixar o local. Logo depois, o criminoso entra na unidade de identificação com documentos falsos no nome de Maycon Gonçalves da Silva, onde acaba detido após alerta da Interpol.
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Tuta recebe orientação de um advogado na entrada do Serviço Geral de Identificação Pessoal (SEGIP) de Santa Cruz de La Sierra, antes de ser preso. — Foto: Reprodução/El Deber
O major Soliz Heredia foi preso pelo Departamento Especializado de Luta Contra a Corrupção (D.E.L.C.C) e também é alvo de um processo no tribunal disciplinar da corporação. Ele pode ser aposentado compulsoriamente ou demitido ao final das investigações.
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Câmeras de segurança do Serviço Geral de Identificação Pessoal (SEGIP) de Santa Cruz registraram Tuta entrando no local na sexta (16) com um advogado. — Foto: Reprodução/El Deber
As autoridades bolivianas agora também tentam descobrir o destino de uma mochila preta que Tuta carregava no momento da prisão. O conteúdo da mochila permanece desconhecido. Na quinta-feira (22), uma operação foi realizada no local da prisão para recolher imagens de circuito interno e documentos.
Após a prisão, o líder do PCC foi entregue às autoridades brasileiras no domingo (18) e transferido para a Penitenciária Federal de Brasília, onde já cumprem pena outros chefes da facção, como Marcola e Fuminho.
A suspeita de acobertamento por parte de autoridades bolivianas já era levantada por investigadores brasileiros. Segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de São Paulo, o caso de Tuta confirma um padrão observado há anos.
“Ele [o Tuta] ir voluntariamente procurar as autoridades da Bolívia para renovar documentos revela que ele tinha uma grande tranquilidade para ir e vir, sem ser incomodado”, afirmou o promotor.
Segundo Gakiya, outros membros do PCC permanecem foragidos no país vizinho.
“Não é só o Tuta. O Forjado, o Chacal e o André do Rap ainda estão na Bolívia, e em liberdade. Eu já vi até filmagem de um dos chefes, o nome dele é Sérgio, apelido Mijão, levando os filhos numa escola particular e entrando com carro na sua casa luxuosa em Santa Cruz de La Sierra”, contou.
“É proprietário de casa de show e restaurante, procurado no Brasil há mais de 20 anos e não é incomodado por lá.”
Para o promotor, Santa Cruz abriga hoje um núcleo estratégico da chamada “Sintonia Final” do PCC, responsável por coordenar ações da facção a partir do exterior, principalmente no tráfico internacional de drogas.
“O PCC, hoje, domina a Bolívia. Nos anos 90 e 2000, eles se escondiam no Paraguai, depois migraram para a Bolívia justamente por essa facilidade de viver com documento falso, muitas vezes contando com a corrupção de policiais e autoridades locais”, explicou.
“Eles escolheram o lugar para que possam, a partir da Bolívia, continuar comandando o PCC sem serem alcançados pela polícia brasileira.”
