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O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) anunciou neste domingo (1º) três ataques simultâneos contra bases aéreas russas, atingindo vários aviões estratégicos do Kremlin em três aeródromos nas regiões de Murmansk e Irkutsk, esta última na Sibéria. Este último ataque é descrito como sem precedentes desde o início da invasão russa.
Segundo fontes ucranianas, a operação, que estava em preparação há mais de 18 meses, recebeu o codinome “Telha de Aranha” e resultou na destruição de mais de 40 aviões russos.
O presidente Volodymyr Zelensky supervisionou pessoalmente a operação, que foi idealizada pelo chefe do SBU, Vasyl Maliuk, juntamente com sua equipe, conforme declarado por fontes de segurança à agência Interfax. As fontes enfatizaram a complexidade logística da missão.
Este ataque representa uma escalada significativa nas incursões transfronteiriças, ocorrendo pouco antes das conversações de paz previstas em Istambul para a próxima segunda-feira (2).
Entre os aviões atingidos estariam bombardeiros estratégicos Tu-95 e Tu-22, utilizados pela Rússia para lançar mísseis de longo alcance sobre cidades ucranianas, conforme noticiou The Guardian.
Ataque na Sibéria e uso de drones inusitados
A base aérea de Belaya, localizada na região de Irkutsk, a mais de 4.000 quilômetros da Ucrânia, foi um dos objetivos principais, e um incêndio foi registrado no local após o ataque. Esta base é conhecida por abrigar regimentos armados com aviões Tu-22M3 e o 181º esquadrão de aviação combinada independente, equipado com aviões An-12 e An-30, segundo fontes públicas citadas pela Interfax.
De acordo com o meio de comunicação britânico, os drones utilizados na operação teriam sido lançados de caminhões estacionados perto dos aeródromos militares, no interior da Rússia. O veículo Ukrainska Pravda, que citou uma fonte próxima à operação, explicou que os drones foram contrabandeados para território russo e escondidos sob tetos de pequenas estruturas de madeira montadas sobre os caminhões, permitindo seu lançamento no momento oportuno.
Na região de Irkutsk, o canal de Telegram Mash, ligado aos serviços de segurança russos, divulgou imagens mostrando homens tentando subir em um caminhão para impedir o lançamento dos drones. Outras gravações de diferentes bases militares russas mostraram aeronaves destruídas e aviões em chamas, embora a extensão total dos danos ainda não tenha sido totalmente esclarecida.
Desde o início da invasão, a Ucrânia tem enfrentado uma desvantagem considerável em poder de fogo em relação à Rússia, mas conseguiu desenvolver uma frota de drones de ataque que tem sido utilizada para atingir tanto o exército russo quanto infraestruturas energéticas. Em março, as autoridades ucranianas anunciaram o desenvolvimento de um novo drone com alcance de 3.000 quilômetros, embora não tenham fornecido mais detalhes sobre suas capacidades.
Confirmações russas e incidentes na fronteira
O governador da região de Irkutsk, Igor Kobzev, confirmou posteriormente “um ataque com drones contra uma unidade militar na aldeia de Sredny”, conforme noticiado pelo jornal ucraniano Kyiv Independent, sem fornecer informações adicionais sobre o incidente.
Da mesma forma, o governador de Murmansk, Andrey Chibis, também confirmou que “drones inimigos atacaram o território da região de Murmansk”.
Mais tarde, o Ministério da Defesa russo fez a confirmação oficial: “Nas regiões de Murmansk e Irkutsk, vários aviões pegaram fogo após o lançamento de drones FPV de um território situado nas proximidades dos aeródromos”, informou a pasta, referindo-se aos drones com visão em primeira pessoa. O ministério acrescentou que não houve vítimas e que vários “participantes” foram detidos.
O ataque ucraniano coincidiu com outros incidentes na fronteira russo-ucraniana. Investigadores russos informaram que “explosões” provocaram o colapso de dois pontes nas regiões fronteiriças de Kursk e Bryansk durante a noite, causando o descarrilamento de trens, a morte de ao menos sete pessoas e dezenas de feridos.
Em Bryansk, uma ponte rodoviária desabou sobre uma ferrovia, provocando o descarrilamento de um trem de passageiros que se dirigia a Moscou e a morte de ao menos sete pessoas. Na vizinha Kursk, uma ponte ferroviária também desabou, descarrilando um trem de carga e ferindo o maquinista, segundo as autoridades. Ambas as regiões compartilham fronteira com a Ucrânia.
Em paralelo, a força aérea ucraniana relatou que a Rússia lançou 472 drones durante a noite, a cifra mais alta registrada em um único dia desde o início da guerra, além de sete mísseis.
No plano diplomático, a Ucrânia havia evitado se comprometer a participar de uma nova rodada de negociações diretas na Turquia, mas neste domingo o presidente Zelensky anunciou que uma delegação liderada por seu ministro da Defesa, Rustem Umerov, compareceria às conversações em Istambul. “Também defini nossa posição antes da reunião da segunda-feira em Istambul”, declarou Zelensky nas redes sociais, apontando como prioridades a consecução de “um cessar-fogo completo e incondicional” e o retorno de prisioneiros e crianças sequestradas.
