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Um relatório recente do Departamento de Defesa dos Estados Unidos revelou que algumas das mais conhecidas teorias da conspiração sobre OVNIs — como a existência de alienígenas na base de Área 51, em Nevada — foram incentivadas pelo próprio Pentágono como forma de encobrir programas secretos de armamentos durante a Guerra Fria.
De acordo com a análise obtida pelo Wall Street Journal, um coronel da Força Aérea visitou um bar próximo à Área 51 nos anos 1980 e entregou ao proprietário fotos falsas de discos voadores sobrevoando a base. O objetivo, segundo ele confessou anos depois a investigadores do Pentágono, era desviar a atenção do que realmente ocorria no local: os testes do então inédito avião de combate furtivo F-117 Nighthawk.
A lógica militar por trás da operação era simples: espalhar desinformação sobre objetos voadores não identificados serviria como uma eficiente cortina de fumaça para esconder a tecnologia emergente dos olhares atentos da União Soviética.
Esse caso é apenas um entre diversos episódios documentados no relatório de 2024, que mostram como agências do governo norte-americano usaram propositalmente mitos sobre alienígenas e OVNIs para proteger seus projetos militares mais sensíveis.
Sean Kirkpatrick, primeiro diretor do Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios (AARO), foi encarregado pelo governo em 2022 de revisar décadas de arquivos e relatos sobre avistamentos de OVNIs. Durante a investigação, ele e sua equipe encontraram diversas teorias da conspiração que, surpreendentemente, tinham origem dentro do próprio Pentágono.
Um dos exemplos mais inusitados foi o caso da suposta unidade “Yankee Blue”, uma equipe fictícia apresentada a novos recrutas da Força Aérea como responsável por investigar naves alienígenas. Os participantes recebiam instruções rígidas para jamais comentar o conteúdo das reuniões, que, na verdade, não passavam de trotes internos. Segundo a equipe de Kirkpatrick, alguns militares levavam anos para descobrir que haviam sido enganados.
A prática continuava ocorrendo até recentemente, quando o Departamento de Defesa emitiu uma ordem em 2023 para encerrá-la definitivamente. As motivações para a farsa não são totalmente claras, mas especula-se que ela servisse como um teste de lealdade ou uma estratégia de desinformação interna.
O relatório também destaca casos em que testemunhas de operações secretas militares foram mantidas no escuro para que não entendessem o que realmente haviam presenciado. Um dos episódios mais notórios envolve Robert Salas, ex-capitão da Força Aérea, que afirma ter visto um OVNI pairar sobre um silo de mísseis nucleares em Montana, em 1967. Segundo ele, uma luz intermitente desativou todos os dez mísseis e sistemas elétricos do local.
Salas recebeu ordens para não falar sobre o ocorrido e passou décadas acreditando que havia testemunhado uma intervenção alienígena. No entanto, segundo os documentos analisados pelo AARO, o que Salas presenciou foi, na verdade, um teste sigiloso com pulso eletromagnético — uma tentativa de avaliar a vulnerabilidade das instalações nucleares norte-americanas em caso de ataque soviético. Como o teste falhou, os militares decidiram não revelar a verdade para evitar o vazamento da falha estratégica.
O Departamento de Defesa reconheceu que nem todas as descobertas da AARO foram divulgadas até agora. No entanto, prometeu mais transparência em um novo relatório previsto para ser lançado ainda este ano.
“O departamento está comprometido em divulgar um segundo volume de seu Relatório de Registros Históricos, que incluirá as descobertas da AARO sobre trotes e materiais inautênticos”, disse o Pentágono em nota oficial.
As revelações lançam nova luz sobre o papel do governo na construção do imaginário popular em torno de alienígenas e OVNIs, mostrando que, em muitos casos, a verdade esteve escondida atrás de mentiras cuidadosamente planejadas — não por visitantes de outros planetas, mas por estratégias militares terráqueas.
