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O diplomata argentino Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), reforçou nesta quarta-feira (25) a urgência de restabelecer a presença de inspetores nas instalações nucleares do Irã. A declaração ocorre em meio a um cenário de extrema tensão internacional, após bombardeios realizados por Israel e Estados Unidos nas últimas semanas.
“Voltar às instalações nucleares do Irã, bombardeadas por Israel e Estados Unidos nas últimas duas semanas, é a prioridade número um da AIEA”, afirmou Grossi, durante coletiva de imprensa em Viena. A principal preocupação da agência é retomar as inspeções técnicas para verificar o estado de materiais sensíveis e o cumprimento dos acordos de não proliferação.
Os ataques, iniciados em 13 de junho, atingiram alvos estratégicos do programa nuclear iraniano, incluindo a instalação subterrânea de Fordow, próxima à cidade de Qom. De acordo com Grossi, o chanceler iraniano, Abás Araqchí, enviou uma carta à AIEA garantindo que “medidas de proteção já haviam sido tomadas”, embora sem especificar se o urânio altamente enriquecido foi de fato resguardado.
A situação é considerada crítica, já que as reservas de 408 kg de urânio enriquecido a 60% estão perigosamente próximas do nível necessário para a produção de armas nucleares. O paradeiro desse material tornou-se uma das principais incógnitas desde os ataques, o que aumenta a preocupação da comunidade internacional.
“A falta de informações precisas sobre a localização e a condição desse material exige que a AIEA volte ao Irã e participe diretamente das verificações. Ontem escrevi uma carta a Araqchí pedindo um encontro para discutir as modalidades do retorno”, disse Grossi.
A AIEA mantém há mais de uma década uma presença contínua de inspetores no Irã, mas os ataques alteraram drasticamente as condições de trabalho. “Retornar a locais bombardeados não é como fazer uma inspeção normal. Há escombros, risco de munições não detonadas e possibilidade de contaminação radiológica”, alertou o diretor.
Parlamento iraniano aprova suspensão da cooperação com a AIEA
Em resposta direta aos bombardeios, o Parlamento do Irã aprovou nesta quarta-feira um projeto de lei para suspender a cooperação com a AIEA. A medida ainda precisa ser ratificada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional, mas representa um novo ponto de ruptura na já conturbada relação entre Teerã e os organismos internacionais de controle atômico.
De acordo com a agência estatal Nournews, o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, acusou a AIEA de “leiloar sua credibilidade internacional” ao não condenar os ataques. Em discurso transmitido pela televisão estatal, Ghalibaf declarou: “A Organização de Energia Atômica do Irã suspenderá sua cooperação com a AIEA até que seja garantida a segurança de nossas instalações nucleares”.
A decisão parlamentar ocorre dias após imagens de satélite revelarem novos impactos de mísseis na região de Fordow. Segundo o governo iraniano, a suspensão das inspeções visa proteger a infraestrutura nuclear do país, bem como garantir a segurança de seus técnicos e do material estratégico armazenado.
A escalada de tensões e a possível interrupção da atuação da AIEA aumentam os temores de um avanço descontrolado no programa nuclear iraniano, além de complicar os esforços diplomáticos por uma solução negociada.
