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Após um ano e meio longe dos holofotes, Ri Sol-ju, esposa do líder norte-coreano Kim Jong-un, reapareceu publicamente durante a inauguração do balneário de Wonsan-Kalma, um dos principais projetos turísticos do regime. O retorno de Ri chamou a atenção internacional não apenas por marcar sua reintrodução na cena pública, mas também pelo acessório que carregava: uma bolsa de grife italiana avaliada em cerca de US$ 2.850, apesar das sanções que proíbem a importação de artigos de luxo ao país.
O evento, amplamente divulgado pela imprensa estatal, mostrou Ri ao lado de Kim Jong-un e da filha do casal, Ju-ae, que vem aparecendo com frequência crescente em compromissos oficiais — alimentando rumores sobre seu possível papel como futura sucessora do regime.
Analistas destacaram a disposição das figuras durante a cerimônia como um indicativo da narrativa que o regime tenta construir. Ri Sol-ju aparece alguns passos atrás do marido e da filha, o que reforça a percepção de que Ju-ae tem ocupado um papel de destaque, possivelmente estratégico. A jovem, que vestia um conjunto branco formal, se destacou ainda mais diante do traje sóbrio da mãe.
Segundo o professor Yang Moo-jin, da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, a ausência prolongada de Ri pode ter sido proposital para desviar a atenção e fortalecer a imagem de Ju-ae. “O regime está usando a dinâmica familiar como ferramenta de comunicação política”, avaliou o especialista em entrevista à agência Yonhap.
A última aparição de Ri Sol-ju havia ocorrido em 1º de janeiro de 2024, durante um espetáculo de Ano Novo. Desde então, a presença constante de Ju-ae ao lado de Kim levantou especulações sobre sua preparação como herdeira política — algo inédito no sistema patriarcal norte-coreano.
O uso de uma bolsa da grife Gucci por Ri durante a cerimônia reacendeu o debate sobre o estilo de vida da elite norte-coreana. A ONU proíbe, desde 2006, a entrada de itens de luxo no país como parte das sanções contra os programas nuclear e de mísseis balísticos de Pyongyang. No entanto, relatos sugerem que esses produtos chegam por meio de valijas diplomáticas, livres de inspeções e impostos, e são distribuídos como símbolos de prestígio dentro da cúpula do regime.
A reaparição de Ri Sol-ju também coincide com os esforços do regime para transformar a Coreia do Norte em um polo turístico. O balneário de Wonsan-Kalma, que agora será aberto ao turismo doméstico, faz parte dessa estratégia. Ainda não há previsão para a reabertura ao turismo internacional, suspenso desde o início da pandemia de COVID-19 em 2020.
Apesar da construção de resorts e da promessa de novos polos turísticos em outras regiões do país, especialistas alertam que as tensões geopolíticas, as sanções internacionais e o controle ideológico do regime dificultam qualquer avanço real na indústria do turismo estrangeiro.
A projeção da imagem da família Kim — especialmente da filha Ju-ae — parece seguir um roteiro cuidadosamente elaborado para manter o controle do poder. E, mesmo em um regime fechado como o norte-coreano, a escolha de uma bolsa pode dizer muito mais do que aparenta.
