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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (9) que a segunda fase do acordo sobre Gaza incluirá “um desarmamento”, em meio à insistência de Israel de que o grupo terrorista palestino Hamas entregue suas armas.
“Não vou falar sobre isso porque vocês mais ou menos sabem o que é a fase dois. Mas… haverá um desarmamento”, declarou Trump a repórteres durante reunião do seu gabinete, ressaltando que também estão previstas “retiradas” das forças israelenses.
O presidente norte-americano se mostrou otimista quanto à libertação dos reféns, garantindo que confia que “na segunda ou terça-feira” eles serão entregues a Israel. Sobre a situação dos cativos, explicou: “Sabemos onde está a maioria [dos reféns]. Na verdade, os corpos são um problema maior porque alguns serão um pouco mais difíceis de localizar. É terrível falar sobre isso, mas (…) faremos o melhor que pudermos”.
Trump destacou que nenhum outro presidente dos Estados Unidos manteve relações internacionais como as cultivadas durante seu mandato, e afirmou que essas conexões possibilitaram o acordo entre Israel e Hamas. “Nunca vi nada igual, mas de verdade há paz no Oriente Médio”, disse durante a reunião de gabinete.
O mandatário também anunciou sua intenção de viajar a Israel após uma visita pendente ao Egito, onde participará da assinatura oficial do acordo. Ele ainda projetou a reconstrução de Gaza, afirmando: “Há uma enorme riqueza nessa região e vamos ver grandes países dando um passo à frente, colocando muito dinheiro e cuidando das questões”.
Trump estimou em 28 o número de reféns mortos cuja entrega pelo Hamas estaria próxima, enquanto aproximadamente 70 mil seriam as baixas do grupo terrorista palestino. “Em algum momento tudo isso precisa parar”, disse, elogiando sua equipe e os países mediadores, como Turquia, Egito, Jordânia, Arábia Saudita e Indonésia.
“O mundo se uniu para isso. Pessoas que não se davam bem, países vizinhos que francamente não se gostavam (…) Todos os americanos deveriam se orgulhar do papel do nosso país em levar este terrível conflito ao fim”, reforçou Trump.
Enquanto isso, o governo israelense confirmou nesta quinta-feira a assinatura da versão final da primeira fase do acordo com o Hamas, que prevê cessar-fogo e libertação de reféns israelenses, podendo encerrar dois anos de conflito armado.
O acordo, baseado em um plano de 20 pontos apresentado por Trump, permitirá a liberação dos reféns ainda vivos em troca da soltura de cerca de 2 mil palestinos. A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, informou que a assinatura ocorreu no Egito, após negociações indiretas em Sharm el Sheikh, com mediação dos Estados Unidos, Qatar e Turquia. A implementação do pacto ainda depende da aprovação do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, prevista para 15h GMT, após reunião do conselho de segurança.
A confirmação do acordo gerou reações imediatas em ambos os lados do conflito. Em Khan Younis, no sul da devastada Faixa de Gaza, palestinos celebraram com vítores a notícia do cessar-fogo. Em Tel Aviv, famílias de reféns demonstraram esperança pela libertação dos cerca de 20 sequestrados que ainda estão vivos.
Netanyahu qualificou o dia como “um grande dia para Israel” e afirmou que Trump deveria receber o Prêmio Nobel da Paz, destacando o papel central do presidente americano na negociação. Apesar do anúncio, permanecem questões pendentes, como o desarmamento do Hamas e o futuro governo de Gaza. Trump afirmou que a devolução dos reféns continua sendo prioridade e confirmou que o desarmamento fará parte da próxima etapa. O Hamas, por sua vez, rejeitou a proposta de um governo de transição liderado por Trump, conforme confirmou o porta-voz Osama Hamdan: “Nenhum palestino poderá aceitar. Todas as facções, inclusive a Autoridade Palestina, rejeitam”.
Trump afirmou que viajará ao Egito para a assinatura do acordo após convite do presidente Abdel Fatah al-Sisi. Em Israel, o cessar-fogo deve entrar em vigor 24 horas após a aprovação do gabinete, cuja coalizão liderada pelo Likud depende do apoio de setores ultradireitistas. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, já sinalizou que não apoiará o pacto.
O acordo busca encerrar o conflito iniciado em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou território israelense, deixando 1.219 mortos — majoritariamente civis — segundo dados compilados pela AFP. A resposta israelense resultou em pelo menos 67.183 mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, números considerados confiáveis pela ONU.
A porta-voz Bedrosian destacou que Marwan Barghuti, líder do Fatah, não será incluído na troca de prisioneiros.
Apesar do anúncio, ataques aéreos israelenses continuaram em Gaza. Para viabilizar a troca de reféns, o Exército israelense iniciou preparativos para replegar suas tropas de 75% do território sob controle.
Trump declarou em sua rede social Truth Social: “TODOS os reféns serão liberados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos rumo a uma paz forte, duradoura e eterna”. Dos 251 sequestrados pelo Hamas em 2023, 47 permanecem em Gaza e 25 morreram, segundo dados israelenses. O acordo prevê a entrada diária de ao menos 400 caminhões de ajuda humanitária em Gaza nos primeiros cinco dias. A Meia-Lua Vermelha Egípcia confirmou que 153 caminhões já estavam a caminho.
Um estudo da revista The Lancet, financiado pela UNRWA, indicou que quase 1 em cada 6 crianças em Gaza sofre de desnutrição aguda.
Durante a reunião de gabinete, Trump afirmou que este acordo constitui o oitavo conflito que resolve como presidente e indicou que a guerra na Ucrânia será o próximo. Segundo ele, sua administração alcançou “algo realmente incrível que ninguém pensava ser possível”, referindo-se à paz no Oriente Médio. Destacou ainda reconhecimento de países com os quais os EUA mantinham relações tensas e agradeceu a colaboração de Turquia, Egito, Jordânia, Arábia Saudita e Indonésia.
Trump disse que até o Irã apoiou o acordo e se colocou à disposição para trabalhar com o país, desde que não desenvolva armas nucleares. Mencionou “sanções importantes” sobre Teerã e afirmou que ofereceria cooperação na reconstrução, respeitando o compromisso sobre armamento nuclear.
Sobre o conflito na Ucrânia, lamentou as 7 mil mortes semanais, principalmente de jovens soldados, e disse que espera que o conflito também seja resolvido em breve.
Analistas e especialistas internacionais lembram que, apesar das declarações de Trump sobre múltiplos acordos de paz, em diversos casos apenas tréguas frágeis foram alcançadas, sem tratados formais. Tanto o processo em Gaza quanto o da Ucrânia permanecem abertos e sujeitos a negociações.
(Fontes: AFP, EFE, EP e Reuters)