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A primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) que ajudou a reunir oito crianças ucranianas com seus familiares nas últimas 24 horas. As crianças haviam sido sequestradas durante a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Segundo Melania, novos resgates estão previstos por meio de um “canal aberto” de comunicação com Moscou e com o presidente russo, Vladimir Putin.
“A alma de uma criança não conhece fronteiras”, declarou Melania em um pronunciamento emocionado feito no saguão principal da Casa Branca, ao compartilhar histórias comoventes de sequestros que dividiram famílias ucranianas ao longo de mais de três anos de conflito.
As oito crianças resgatadas fazem parte de milhares de menores separados de suas famílias durante o que o Kremlin descreveu como “procedimentos de evacuação” na Ucrânia — mas que, segundo autoridades internacionais, foram deportações forçadas.
Muitas dessas crianças foram retiradas de suas casas ou orfanatos durante o caos do primeiro ano da guerra, quando forças russas ocuparam regiões do leste da Ucrânia. Escolas inteiras foram esvaziadas, e os alunos colocados em ônibus sem que seus familiares soubessem o destino.
De acordo com grupos humanitários, algumas dessas crianças foram incluídas em um banco de dados de adoção, no qual podiam ser selecionadas por idade, cor dos olhos e número de irmãos — o que foi classificado como uma forma de “tráfico digital de crianças disfarçado de burocracia”.
As deportações em massa levaram o Tribunal Penal Internacional a emitir um mandado de prisão contra Vladimir Putin em março de 2023.
Desde o início da invasão russa em 2022, a Ucrânia tenta localizar e repatriar as crianças sequestradas. Autoridades ucranianas estimam que pelo menos 19,5 mil menores continuam desaparecidos, embora o número real possa ser muito maior.
A primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, disse em entrevista em agosto que muitas das crianças resgatadas sofrem com traumas profundos.
“As crianças que voltam estão mentalmente abaladas — estão quebradas. Só depois de retornarem é que começam a sair de suas conchas”, afirmou.
Segundo Melania, a Rússia concordou recentemente em permitir o retorno de jovens ucranianos que atingiram a maioridade durante a guerra, e já há “planos em andamento para reunir mais crianças em um futuro próximo.”
Relatórios da Universidade Yale indicam que o Kremlin dispersou as crianças sequestradas em mais de 200 instituições em território russo, onde elas passam por “reeducação pró-Rússia” e até treinamentos militares. Outras teriam sido adotadas à força por famílias russas, o que dificulta ainda mais o processo de repatriação.
Melania revelou ter enviado uma carta pessoal a Putin, entregue durante a cúpula entre o presidente Donald Trump e o líder russo, realizada no Alasca em 15 de agosto.
“Muita coisa aconteceu desde que o presidente Putin recebeu minha carta”, contou Melania. “Desde então, o presidente Putin e eu mantemos um canal aberto de comunicação.”
A primeira-dama descreveu ter participado de “reuniões e ligações reservadas” para viabilizar o reencontro de famílias, afirmando que “meu representante tem trabalhado diretamente com a equipe do presidente Putin” para reconectar as crianças a seus familiares.
Melania também discutiu o tema com Olena Zelenska durante um encontro paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York. Zelenska lidera a iniciativa “Bring Back Kids” (“Tragam as Crianças de Volta”), que busca repatriar menores levados à Rússia.
“Para todos os ucranianos, esta é uma das consequências mais devastadoras desta guerra”, afirmou Zelenska. “Não conseguimos proteger seus direitos quando os russos os levaram — sem consentimento, sem registros, sem transparência.”
Segundo a embaixadora da Ucrânia nos EUA, Olha Stefanishyna, Zelenska aproveitou o encontro para agradecer o empenho da primeira-dama americana.
“O que foi importante para Madame Zelenska foi expressar algumas palavras de gratidão à primeira-dama por seu poder de influência e por suas mensagens”, disse Stefanishyna.
A ação de Melania Trump foi recebida como um gesto raro de diplomacia humanitária, em meio à continuidade da guerra e às tensões entre Washington e Moscou.
