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O Congresso do Peru aprovou, nesta quinta-feira (9), a destituição da presidente Dina Boluarte, 63 anos, em uma decisão histórica. Boluarte, que pertence de esquerda, enfrentava acusações de enriquecimento ilícito e responsabilidade em repressões violentas durante seu mandato. Os parlamentares declararam que a mandatária apresentava “incapacidade moral” para governar o país.
A votação contou com 121 votos a favor, sem registros de oposição ou abstenções, e resultou na saída da sexta presidente peruana em menos de uma década. Antes da votação final, o Parlamento analisou cinco moções de vacância, apresentadas por diferentes bancadas políticas, incluindo Renovação Popular, Fuerza Popular, Podemos Perú, Avanza País, Acción Popular e Somos Perú, que apoiavam previamente Boluarte no Executivo.
Em meio a uma persistente crise institucional e social, a destituição ocorreu após episódios de violência e escândalos de corrupção, como o caso “Rolexgate”, além da crescente percepção de ineficácia do governo diante da insegurança cidadã. Um ataque armado em um evento do grupo musical Agua Marina, que deixou feridos integrantes da banda e um vendedor ambulante, intensificou os protestos e pressionou o Congresso a agir.
Na madrugada desta sexta-feira (10), às 1h local (3h, horário de Brasília), José Jerí Oré, presidente do Congresso e membro do Somos Perú (centro), assumiu a presidência interina do país, com mandato até julho de 2026, três meses após as eleições presidenciais previstas para abril. Em seu discurso de posse, Jerí Oré afirmou que pretende liderar um governo de “empatia e reconciliação nacional de base ampla” e declarou guerra à delinquência, destacando a necessidade de atuação coordenada entre as Forças Armadas, Polícia Nacional, Poder Judiciário e Ministério Público.
O governo de Boluarte ficou marcado por altos índices de rejeição e escândalos públicos. Segundo pesquisa nacional da CPI, em setembro último, 93,8% da população desaprovava sua gestão, enquanto o Congresso apresentava apenas 1,8% de apoio. A desaprovação ultrapassou 95% em Lima e Callao e chegou a 97% em regiões do sul do país. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a aprovação chegou a 0%, e nenhum entrevistado declarou intenção de votar em Boluarte nas eleições de 2026.
Boluarte assumiu a presidência em dezembro de 2022, após a saída de Pedro Castillo, mas enfrentou protestos violentos no sul do país, resultando em quase cinquenta mortes nos primeiros meses de mandato. A gestão foi marcada por percepção de corrupção, falhas no combate à insegurança e crise de representatividade política, fatores que intensificaram o descontentamento popular.
Agora, sob a presidência interina de José Jerí, o Peru inicia um período de transição em meio à desconfiança social e investigações abertas, com atenção especial da sociedade e da justiça, e um cenário de incerteza para as eleições de 2026.