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O escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou na noite desta quarta-feira (15) que os corpos de dois reféns foram entregues pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) às forças israelenses na Faixa de Gaza.
“Israel recebeu, por meio da Cruz Vermelha, dois caixões contendo os restos de reféns, entregues às Forças de Defesa de Israel (FDI) e ao Shin Bet (serviço de segurança interno) dentro da Faixa de Gaza”, informou o governo em comunicado.
O Exército israelense acrescentou que os caixões já estavam em território israelense e “estão a caminho do Instituto Nacional de Medicina Legal para identificação”.
Mais cedo, o grupo terrorista Hamas informou que havia entregue “os corpos aos quais teve acesso”, mas alertou que ainda há restos de outros reféns não localizados devido à destruição generalizada e às difíceis condições no terreno.
“O movimento de resistência cumpriu o acordo e entregou todos os prisioneiros vivos sob sua custódia e os corpos aos quais pôde ter acesso”, declarou o braço militar do Hamas. “Quanto aos corpos restantes, será necessário grande esforço e equipamento especial para sua localização e recuperação. Estamos empenhados em resolver essa questão”, completou o comunicado.
O acordo de cessar-fogo, intermediado pelo plano de 20 pontos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previa um prazo de 72 horas para a devolução de todos os reféns, vivos ou mortos, uma vez estabelecida a trégua. O prazo expirou no início da semana, e até esta quarta-feira, todos os 20 reféns israelenses vivos já haviam sido libertados. No entanto, apenas quatro corpos foram entregues, sendo que um deles não correspondia a um refém israelense, segundo o Exército. Espera-se que entre quatro e cinco restos adicionais sejam transferidos nas próximas horas.
Um comboio da Cruz Vermelha Internacional recolheu os dois caixões em Gaza, entregues pelos representantes do Hamas na cidade, e os transferiu para as forças israelenses, onde será realizada uma breve cerimônia conduzida por um rabino militar. Posteriormente, os restos serão encaminhados para identificação. Até o momento, o Hamas não divulgou a identidade das pessoas cujos corpos foram entregues.
O primeiro-ministro Netanyahu destacou que seu governo não aceitará concessões em relação à recuperação de todos os corpos de reféns. “Não faremos compromissos e não interromperemos nossos esforços até recuperar o último refém falecido, até o último”, afirmou. Israel considera a devolução de todas as vítimas um ponto imprescindível do acordo e responsabilizou o Hamas por qualquer atraso.
O Exército israelense reforçou que o grupo deve cumprir integralmente o pacto e “realizar os esforços necessários para devolver os corpos dos reféns”, posição sustentada também pelos Estados Unidos, que acompanham de perto o cumprimento do acordo.
O Hamas e a Cruz Vermelha atribuíram a dificuldade de acesso a todos os restos ao grande dano estrutural em Gaza e à presença de áreas controladas pelo Exército israelense, dificultando as operações de busca.
A situação gerou frustração em Israel, e autoridades informaram à ONU que podem reduzir ou atrasar os envios de ajuda humanitária para Gaza devido ao número limitado de corpos devolvidos. Apesar disso, a trégua ainda se mantém, embora o clima continue tenso diante da possibilidade de retomada das hostilidades caso o acordo não seja integralmente cumprido.
Donald Trump declarou nesta quarta-feira que, caso o Hamas não respeite os termos, poderia permitir que Israel retomasse operações militares em Gaza. “As questões com o Hamas serão resolvidas em breve”, afirmou o presidente, explicando que “a liberação dos 20 reféns vivos era primordial”. O plano dos EUA prevê, além da devolução de todos os reféns, a desmilitarização do Hamas e possível anistia para membros que depuserem as armas.
Enquanto isso, os desafios para a recuperação dos corpos pendentes continuam. O Hamas informou que alguns restos estariam em áreas de difícil acesso ou sob controle israelense, retardando as operações de busca e destacando a atenção internacional para o cumprimento dos compromissos. Israel mantém a exigência de que o processo de recuperação dos reféns seja concluído sem atrasos, sob monitoramento da Cruz Vermelha e de mediadores internacionais.
