Na segunda-feira (09), jornalistas do site pró-Kremlin Lenta publicaram no portal cerca de 40 textos contra a invasão russa da Ucrânia e contra o ditador russo Vladmir Putin. O ato foi feito no “Dia da Vitória”, quando é comemorando no país o 77º aniversário da União Soviética derrotando a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial.
Nos textos, os repórteres escreveram frases como “Putin se transformou em um ditador paranoico”, “a Rússia abandona os cadáveres de seus soldados na Ucrânia”, “Putin desencadeou uma das guerras mais sangrentas do século 21” e “a guerra torna mais fácil encobrir falhas econômicas”.
Os textos foram prontamente apagados após as postagens, mas estão salvos em alguns registros na internet e também foram capturados pelo veículo independente Meduza e confirmados pelo britânico The Guardian.
Egor Poliakov confirmou ao Meduza que ele e sua colega Alexandra Mirochnikova, que estariam agora fora da Rússia, foram os responsáveis pelos textos.
“Tivemos que fazer isso hoje porque queríamos lembrar pelo que nossos avós lutaram nesse lindo Dia da Vitória: a paz”, disse o jornalista ao The Guardian.
“Não é disso que se trata o Dia da Vitória”, disse Poliakov. “Pessoas comuns estão morrendo na Ucrânia. E, dada a retórica que vimos, isso não vai parar. Essa era a única coisa certa que podíamos fazer”.
Todos os posts eram acompanhados de um aviso que dizia “este material não está acordado com a liderança [do jornal], ou seja, FAÇA URGENTEMENTE UM REGISTRO DA TELA antes que ele seja excluído”.
Em um dos textos, sobre o fato de autoridades russas terem proibido profissionais da imprensa de reportarem pautas consideradas negativas, os autores dizem que Putin “obrigou jornalistas da mídia controlada pelo governo a abandonarem palavras que pudessem causar ‘agitação social’”.
“A mídia russa não pode chamar de ‘guerra’ uma guerra que custou dezenas de milhares de vidas de russos e ucranianos, destruiu cidades, matou civis, bombardeou áreas residenciais e levou ao genocídio do povo ucraniano —tudo isso, para a mídia russa sob pressão do Kremlin, tornou-se ‘operação especial’”.