A Rússia concordou em estender um acordo que permitiu à Ucrânia enviar grãos através do Mar Negro para partes do mundo que lutam contra a fome, um impulso para a segurança alimentar global depois que a guerra de mais de um ano elevou os preços.
“Quero dar boas notícias”, disse o presidente turco Recep Tayyip Erdogan nesta quarta-feira (17) em um discurso televisionado. “Com os esforços de nosso país, o apoio de nossos amigos russos e a contribuição de nossos amigos ucranianos, a Iniciativa dos Grãos do Mar Negro foi prorrogada por mais dois meses.”
Altos funcionários da Rússia, Ucrânia, Turquia e das Nações Unidas se reuniram em Istambul na semana passada e continuaram as negociações para discutir o acordo do Mar Negro e seu futuro.
A Turquia e a ONU intermediaram o acordo inovador com os lados em guerra no verão passado, que veio com um acordo separado para facilitar o embarque de alimentos e fertilizantes russos que Moscou insiste que não foi aplicado.
A Rússia ameaçou desistir se suas preocupações não fossem resolvidas até quinta-feira. Essa ousadia não é nova: com uma extensão semelhante no equilíbrio em março, a Rússia decidiu unilateralmente renovar o acordo por 60 dias semelhantes, em vez dos 120 dias descritos no acordo.
Na quarta-feira, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que o acordo foi estendido para ajudar os países necessitados, mas acrescentou que a avaliação geral da Rússia sobre o acordo “não mudou”.
O vice-primeiro-ministro ucraniano, Oleksandr Kubrakov, disse: “Congratulamo-nos com a continuação da iniciativa, mas enfatizamos que ela deve funcionar de maneira eficaz”.
“Esperamos que nossos parceiros façam o possível para que o acordo de grãos funcione plenamente para a segurança alimentar mundial e que a Rússia acabe parando de usar alimentos como arma e chantagem”, acrescentou.
Embora as exportações de alimentos e fertilizantes da Rússia não estejam sujeitas a sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia, Moscou diz que as restrições aos pagamentos, logística e seguro se tornaram uma barreira para os embarques.
Os Estados Unidos rejeitaram as alegações da Rússia sobre sua dificuldade em exportar mercadorias.
Na semana passada, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse: “Está exportando grãos e fertilizantes nos mesmos níveis, se não mais, do que antes da invasão em grande escala”.
Cerca de 30,3 milhões de toneladas de grãos foram exportadas da Ucrânia sob o acordo do Mar Negro, incluindo 625.000 toneladas em navios do Programa Alimentar Mundial para operações de ajuda no Afeganistão, Etiópia, Quênia, Somália e Iêmen.
