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A Reserva Federal dos Estados Unidos manteve as taxas de juros estáveis pela quarta reunião consecutiva nesta quarta-feira (17), prevendo uma inflação mais alta e um crescimento econômico mais fraco para este ano. A decisão ocorre em meio à implementação dos novos impostos de importação anunciados pelo presidente Donald Trump e à crescente incerteza geopolítica.
O banco central manteve a taxa básica entre 4,25% e 4,50% ao fim do encontro de dois dias e antecipou dois cortes de juros ao longo de 2025. Em comunicado, afirmou que “a incerteza sobre as perspectivas econômicas diminuiu, mas ainda é elevada”.
Os membros da Fed esperam que a inflação piore nos próximos meses, mas continuam projetando dois cortes na taxa de juros até o final do ano — a mesma previsão feita em março.
As alterações na taxa básica da Fed costumam influenciar, ainda que nem sempre, os custos de financiamentos para hipotecas, empréstimos de automóveis, cartões de crédito e crédito para empresas.
Além disso, o banco central divulgou suas últimas projeções trimestrais para a economia e para a taxa de juros. Espera-se um crescimento significativamente mais fraco, inflação mais alta e desemprego ligeiramente maior até o final de 2025, em comparação com as projeções de março, antes do anúncio dos amplos impostos de importação de Trump em abril. A maioria desses impostos foi adiada logo após o anúncio. A Fed também indicou que fará apenas um corte de juros em 2026, e não dois, como previsto anteriormente.
De acordo com as estimativas da Fed, a inflação medida pela métrica preferida do banco deverá subir para 3% até o fim do ano, ante 2,1% em abril. Já a taxa de desemprego pode atingir 4,5%, acima dos atuais 4,2%. A previsão de crescimento do PIB para 2025 caiu para 1,4%, contra 2,5% em 2024.
Apesar das perspectivas mais pessimistas, o presidente da Fed, Jerome Powell, e outros membros destacaram que aguardam para fazer alterações na taxa básica devido à incerteza sobre os efeitos dos impostos e o cenário econômico. Muitos gestores expressaram preocupação de que os impostos possam pressionar ainda mais os preços, provocando uma nova alta inflacionária poucos anos após o pico histórico registrado.
Pouco depois do início do segundo dia da reunião, Trump voltou a pressionar por cortes nas taxas e criticou duramente Powell. “Francamente, temos um estúpido na Fed, provavelmente ele não vai cortar hoje”, afirmou na Casa Branca. “Não temos inflação, apenas sucesso, e eu gostaria que as taxas de juros caíssem”, completou antes da divulgação das projeções oficiais.
Esta foi a quarta reunião da Fed desde que Trump assumiu a presidência em janeiro de 2021.
O banco central americano tem o duplo mandato de manter a inflação sob controle e buscar pleno emprego, principalmente ajustando a taxa básica de juros, que serve para estimular ou conter a demanda.
Nos últimos meses, Trump impôs tarifas mínimas de 10% sobre a maioria dos produtos importados pelos EUA, com taxas maiores para aço, alumínio e automóveis. Contudo, até agora, esses impostos não provocaram um aumento generalizado nos preços, em parte porque o governo postergou a aplicação das tarifas mais altas e porque as empresas vêm utilizando estoques antigos para evitar repassar os custos ao consumidor.
Em maio, o índice de preços ao consumidor (IPC) subiu 2,4% na comparação anual, ante 2,3% em abril.
Economistas estimam que os efeitos das tarifas devem demorar meses para se refletirem nos preços ao consumidor, por isso a Fed avança com cautela.
Enquanto isso, o consumidor americano, principal motor da economia, parece mais cauteloso com seus gastos. Um indicador divulgado na terça-feira revelou queda de 0,9% nas vendas no varejo em maio.
A escalada militar no Oriente Médio também eleva os riscos econômicos. A desaceleração da inflação, celebrada por Trump, se deve em grande parte à queda nos preços do petróleo, mas o conflito atual pode fazer os valores do petróleo dispararem.
(Com informações da AP, AFP e Reuters)
