Apesar de ter votado em Jair Bolsonaro para conduzir os destinos de nossa Nação, não sou bolsonarista, muito menos bolsominion, mas sim um conservador, cristão e patriota, que aplaude ações positivas e que prega a honestidade. E, por pensar dessa forma, não posso me calar diante de tanta hipocrisia em tempos de pandemia. É lamentável e triste o que estamos assistindo, agora que o número de mortes pela Covid-19 ultrapassou 100 mil.
Algumas emissoras de TV e jornais de grande circulação, que até pouco tempo eu julgava sérios e com credibilidade, agora só me envergonham. Como jornalista, não consigo acreditar que esses veículos da mídia estejam comemorando e soltando rojões pelo fato de o Brasil ter alcançado tal patamar de infectados e mortos. O prazer e a felicidade explícitos nas faces de certos âncoras, comemorando a desgraça, só para espezinhar e atacar o Presidente da República, é ultrajante e dá nojo.
Bolsonaro tem sim alguma responsabilidade pelo momento de instabilidade política, talvez por ter falado demais, provocado demais, concedido entrevistas demais, atropelado seus ministros e técnicos em assuntos que não dominava. Ele foi atacado por ter defendido com unhas e dentes a hidroxicloroquina como protocolo para evitar milhares de mortes. Bolsonaro também foi massacrado por defender o isolamento vertical, focado em idosos e grupos de risco, com o argumento de manter a economia girando. Mas daí, colocar a culpa pelos 100 mil mortos sobre seus ombros é, no mínimo, uma injustiça e uma inverdade.
Na minha avaliação, existem muitos culpados pelos mortos da Covid-19, como o Supremo Tribunal Federal, quando retirou do Governo Federal o poder de interferir em ações locais, como o estabelecimento de quarentenas e o fechamento do comércio. O que vimos foi um festival de trapalhadas, como a do rodízio de veículos em São Paulo, que forçou milhões de trabalhadores a se aglomerarem nos transportes públicos, aumentando suas chances de contrair a doença. Vimos prisões e denúncias de corrupção e de desvios dos recursos federais, que não foram poucos, para combate ao coronavírus e ao tratamento de pacientes infectados. No Rio de Janeiro, por exemplo, foram jogados no esgoto milhões de Reais gastos em hospitais de campanha que nunca funcionaram e já estão sendo desmontados.
Os ministros togados ainda concederam carta branca para a realização de pancadões e bailes funk nas comunidades, ao proibir ações da polícia durante a pandemia nessas localidades. As TVs, em seus noticiários fúnebres, mostraram os eventos, com a participação de milhares de jovens sem máscara, bebendo, beijando e disseminando a doença, com as bênçãos do STF.
Também têm responsabilidade alguns governadores, como os do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, que convidaram o mundo inteiro para o Carnaval enquanto o Presidente Bolsonaro já havia decretado, no dia 4 de fevereiro de 2020, estado de emergência em saúde pública no País, antes mesmo que o primeiro caso fosse confirmado no Brasil. O Carnaval aconteceu entre 21 e 26 de fevereiro, aí sim quando a doença já se espalhava em todas as regiões. Alguns governadores e prefeitos também são culpados por impedirem a população de usar a hidroxicloroquina como protocolo de tratamento precoce. Eles seguiram as orientações de um ex-ministro da Saúde, que também é culpado por impedir que o SUS adotasse o protocolo que já estava salvando incontáveis vidas na rede hospitalar privada.
A TV Globo, que usou um médico/celebridade para dizer que tudo não passava de uma gripezinha e que o Carnaval Globeleza podia acontecer sem riscos, também tem culpa neste cartório. Agora, na maior hipocrisia, é a emissora que mais ataca Bolsonaro, acusando-o de ser o principal responsável pelas 100 mil mortes.
E, por fim, o Congresso Nacional também tem suas responsabilidades. Das 124 Medidas Provisórias assinadas por Bolsonaro desde que tomou posse, 30 perderam a validade por falta de votação dentro do prazo regimental. Só Michel Temer, em 19 meses de Governo, teve mais MPs caducadas, 33 no total. A Medida Provisória que visava flexibilizar as regras trabalhistas para a manutenção de empregos durante a pandemia foi uma das que caducaram. Portanto, se hoje existem 20 milhões de desempregados, o Legislativo tem sim uma parcela de culpa. E vale ressaltar que desemprego provoca fome, desespero e morte.
Gostaria de dizer aqueles que usam caixões como palanque político/eleitoreiro, que semeiam o pânico entre a população, que se chegamos a 100 mil mortos pela Covid-19, é porque a corrupção, a falta de sensibilidade e de patriotismo, assim permitiram.
Tenho consciência de que o Governo Federal fez o que podia e estava a seu alcance. Liberou bilhões de Reais em dinheiro, equipamentos e medicamentos a estados e municípios, mobilizou as Forças Armadas em ações emergenciais, possibilitou a sobrevivência de 66 milhões de brasileiros desempregados e informais, com o pagamento do auxílio emergencial, e garantiu vida a 100 milhões de brasileiros, ao investir R$ 2 bilhões dos cofres públicos em vacina contra a Covid-19.
Os hipócritas, infelizmente, não valorizam as boas ações e vão continuar soltando foguetes a cada brasileiro morto.
Fábio Paiva é jornalista, analista em marketing digital, designer gráfico e Diretor-Executivo da FStation Comunicação.
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