Em entrevista ao PT, o ex-presidente do partido e condenado no Mensalão, José Genoino, diz ter uma solução para o Brasil, mas nada que passe pelo atual sistema democrático vigente no país.
Para o Brasil sair da “crise”, na visão de Genoino, é preciso que o povo, na rua, construa as condições para uma nova constituinte que mude o regime vigente e crie “instituições sob o controle popular”.
Genoino também defende o controle das instituições “pelo povo”. “O poder emana do povo, não emana da toga, não emana da farda ou do monopólio midiático”, afirmou o petista.
Para ele, o grande erro do PT foi seguir as leis do sistema atual e não ter buscado apoio popular para mudar as regras e a “ordem” vigente.
“Como diz a política, se não mudamos as estruturas do Estado, essas estruturas acabam promovendo o golpe (impeachment de Dilma). Via o Parlamento, que foi o braço executor, via tutela militar, que foi elemento chave, via monopólio da mídia e via o aval dado pelo STF ao golpe de 2016. Portanto, nós tínhamos que ter feito mudanças mais estruturais”, diz Genoino.
“A questão da funcionalidade da institucionalidade com participação popular. Nós ficamos muito preso à institucionalidade da própria regra do sistema partidário, do sistema eleitoral, e não fizemos mudança nele. Ficamos prisioneiros do monopólio midiático familiar. Como a institucionalidade no Brasil, nesse período de 1946 a 2016, foi uma institucionalidade precária e limitada, nós nos limitamos apenas a ela. Era necessário ter construído mudanças de sentido popular. Criar um convencimento da população. Fazer uma disputa por fora dessa ordem”, segue o petista.
O petista ainda sonha em mudar o sistema democrático no Brasil. “(Uma nova Constituinte) Será inevitável. Nós caminharemos para uma profunda mudança no regime democrático para democratizá-lo, para ter participação da sociedade, para ter instituições que realmente sejam transparentes, oxigenadas e sob o controle popular”, diz Genoino.
Para o petista, só manifestações populares serão capazes de mudar o regime no Brasil. “O caminho é a mobilização popular, porque a institucionalidade brasileira, que já era limitada pela Constituição, ficou ainda mais limitada com o golpe de 2016, com a política incentivada pelo lavajatismo”, diz.