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O empresário e advogado Ricardo Martins David (União Brasil-RJ), mais conhecido como Ricardo Abrão, assumiu oficialmente a cadeira na Câmara dos Deputados deixada por Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que teve o mandato cassado na última quinta-feira (24). A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Casa, com base nas ausências parlamentares de Brazão após sua prisão, em março de 2024.
Chiquinho Brazão é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Desde sua prisão, ele não comparecia às sessões legislativas, o que motivou a cassação amparada pelo artigo 55 da Constituição Federal, que determina a perda de mandato em casos de faltas injustificadas.
Ricardo Abrão, que já havia ocupado uma cadeira como suplente em outras ocasiões, foi o primeiro suplente do União Brasil nas eleições de 2022, quando obteve 43.219 votos. Natural de uma família influente no Rio de Janeiro, Abrão é filho de Farid Abrão David, ex-prefeito de Nilópolis e ex-presidente da escola de samba Beija-Flor, e sobrinho de Anísio Abraão David, figura histórica do jogo do bicho.
Antes de retornar à Câmara, Abrão ocupava o cargo de secretário de Ação Comunitária na prefeitura do Rio de Janeiro, cargo que também herdou de Chiquinho Brazão em uma troca de postos no governo municipal de Eduardo Paes (PSD). Além disso, Ricardo já foi deputado estadual por duas legislaturas e presidiu a Beija-Flor entre 2017 e 2021.
A cassação de Brazão foi decidida por iniciativa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com apoio da maioria da Mesa Diretora — apenas o 2º vice-presidente, Elmar Nascimento (União-BA), não assinou o ato. A decisão ocorre paralelamente a um processo de quebra de decoro parlamentar aprovado pelo Conselho de Ética, mas que, com a cassação por ausência, deverá ser arquivado.
Mesmo com a perda do mandato, Brazão ainda pode recorrer à Justiça, uma vez que a Constituição Federal não prevê a possibilidade de recursos internos no Congresso.
