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O piloto Henrique Traugott Binder Galvão informou nesta terça-feira (28) à CPMI do INSS que duas aeronaves usadas pela Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) pertenciam a Vinícius Ramos da Cruz, cunhado do presidente da entidade, Carlos Roberto Ferreira Lopes.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que investiga fraudes em descontos indevidos de aposentadorias e pensões, considerou suspeitas as vendas dos aviões, atualmente registrados em nome do secretário da Conafer, Silas da Costa Vaz. “O Silas da Costa Vaz mora com a família em uma casa simples no Recanto das Emas, no Distrito Federal”, destacou Gaspar, questionando a compatibilidade da renda com o valor das aeronaves.
Segundo Galvão, ele realizou cerca de 100 horas de voo em uma das aeronaves, contratado e pago pela Conafer. “Os custos e pagamentos eram feitos por um coordenador das operações, que me reembolsava quando necessário”, afirmou.
Durante a sessão, Galvão ligou para Leandro Almeida, que confirmou ter pilotado as aeronaves por cerca de seis meses em 2024, totalizando 90 a 100 horas de voo, sendo 40 horas destinadas ao transporte do presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes. Almeida ainda declarou que os pagamentos eram feitos por transferência bancária da entidade e que também havia voado com parlamentares em outras aeronaves, quando trabalhou para o deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG).
O relator e outros deputados da comissão apontaram discrepâncias nos valores das transações. Segundo o deputado Rogério Correia (PT-MG), o Beechcraft Baron 58 teria sido comprado por Silas Vaz por R$ 2,5 milhões, embora Vinícius Ramos o tivesse adquirido antes por R$ 1 milhão. Já o Cessna 172RG teria sido vendido por R$ 400 mil a Vinícius Ramos e revendido a Silas Vaz por R$ 700 mil.
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) comentou sobre possíveis relações entre essas transações e recursos públicos: “É difícil não ver relação entre os valores das emendas e a compra das aeronaves. O deputado terá tempo para se defender e esperamos seu comparecimento à comissão.”
Galvão explicou que os voos mais frequentes ligavam Governador Valadares (MG), Ribeirão Preto (SP) e Brasília (DF), e que o Aeroporto Botelho é público e não possui controle de bagagens ou raio X nos embarques. O vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), alertou que, caso seja comprovado transporte de valores ou itens irregulares, o piloto pode responder criminalmente por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica ou associação criminosa.
As aeronaves em questão são um Beechcraft Baron 58, com valor aproximado de R$ 1,8 milhão e manutenção mensal de R$ 40 mil, e um Cessna 172RG, avaliado em cerca de R$ 550 mil. De acordo com investigações, os aviões teriam sido comprados pela Conafer do Instituto Terra e Trabalho (ITT), presidido por Vinícius Ramos da Cruz.
Galvão encerrou seus serviços à Conafer por falta de pagamento, e atualmente atua em empresa privada em Belo Horizonte