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Em 2024, a dengue se tornou uma preocupação crescente no Brasil, com a população tendo que redobrar os cuidados preventivos e a atenção aos sintomas. De janeiro até a metade de dezembro, o país registrou mais de 6,6 milhões de casos prováveis e quase seis mil mortes, totalizando 5.987 óbitos, segundo dados do Ministério da Saúde. Isso significa uma média de mais de 16 mortes por dia devido à doença.
O ano começou com números elevados de casos, e ainda em janeiro, o Distrito Federal declarou estado de emergência em saúde pública. Ao longo do ano, a situação se agravou, com 11 estados declarando emergência durante o pico da doença. Janeiro registrou 411 mil casos, e em fevereiro esse número saltou para mais de um milhão, atingindo o ápice em março, com 1,747 milhão de diagnósticos. Em abril, a doença entrou em um período de queda, que durou até setembro, mas com um pequeno aumento em outubro e novembro.
Rivaldo Cunha, secretário-adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, apontou que a elevação abrupta dos casos e a antecipação do pico da dengue foram causadas principalmente pelas mudanças climáticas. Além disso, ele destacou que a suspensão do trabalho dos agentes de controle de endemias durante a pandemia de Covid-19 contribuiu para o aumento da disseminação do vírus. “Durante a pandemia, houve a suspensão por orientação do SUS de atividades de controle casa a casa. Em algumas localidades, esse trabalho não foi retomado ao padrão que tinha antes”, explicou.
Em março, o Brasil bateu o recorde de casos prováveis registrados em um ano, com 1,889 milhão de diagnósticos, superando o recorde anterior de 2015, que teve 1,688 milhão de casos confirmados. Para combater a doença, o Ministério da Saúde criou o Centro de Operações de Emergência contra a Dengue (COE Dengue) em fevereiro, com o objetivo de coordenar as medidas no país. No entanto, as atividades do centro foram encerradas em julho, e o monitoramento continuou sendo feito pela Sala Nacional de Arboviroses.
Cunha também afirmou que a organização da rede assistencial para o combate à dengue foi feita tardiamente. “E sendo tardia, em algumas localidades, ela foi um pouco complexa além do que esperávamos”, disse. A elevação dos casos, aliada às mudanças climáticas, contribuiu para o atraso na organização das redes de saúde, o que dificultou a resposta às crescentes necessidades da população.
Em relação às mortes, o Brasil registrou 163 óbitos em janeiro, 227 em fevereiro, 601 em março, 1.082 em abril e atingiu o pico em maio, com 1.344 mortes. A partir daí, os números caíram até setembro, mas voltaram a subir em outubro. De acordo com o Ministério da Saúde, o maior número de óbitos não coincide exatamente com o pico da doença devido à demora na confirmação dos óbitos, que podem ser investigados por até 60 dias. Em 2024, o número de mortes por dengue superou o recorde de 2023, quando 1.179 pessoas haviam falecido devido à doença, superando essa marca já em abril.
A vacina contra a dengue, incorporada pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2023, teve sua primeira remessa de 750 mil doses distribuídas em janeiro de 2024, com foco em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, o grupo mais afetado por hospitalizações, seguido pelos idosos. Até novembro, mais de 2,7 milhões de doses foram aplicadas, sendo São Paulo o estado que mais administrou o imunizante.
A vacina, desenvolvida pela farmacêutica Takeda, é tetravalente e pode ser aplicada em pessoas que nunca tiveram dengue. Além disso, o Instituto Butantan solicitou à Anvisa o registro de uma vacina brasileira, a Butantan-DV, que, se aprovada, será a primeira do mundo a ser administrada em dose única, com a previsão de produção de 100 milhões de doses para os próximos três anos.
Em termos de mortes, São Paulo lidera, com 2.026 óbitos, seguido por Minas Gerais (1.113), Paraná (729), Distrito Federal (440) e Goiás (416), que juntos somam 78% do total de mortes registradas no país. O Distrito Federal também apresenta a maior taxa de incidência da doença, com 9.909,5 casos por 100 mil habitantes. As mulheres são o grupo mais afetado pela doença, representando 55% dos casos, enquanto a faixa etária mais impactada é a de 20 a 29 anos, com 1,2 milhão de casos registrados.