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Em 2024, o Brasil registrou 9.216 transplantes realizados, um dos maiores números da série histórica do Ministério da Saúde iniciada em 2001, representando uma média diária de 25 pessoas saindo da fila de espera por um órgão. Esse marco foi possível graças ao esforço coletivo de famílias que decidiram transformar a dor em esperança, pacientes que receberam uma nova chance de vida e profissionais dedicados a garantir que vidas fossem salvas.
Além dos profissionais de saúde, motoristas, pilotos, policiais e bombeiros desempenham papéis cruciais nesse processo, assegurando a rápida logística de transporte de órgãos, mesmo sem contato direto com doadores ou receptores. A jornada começa com a constatação de morte encefálica, um diagnóstico que requer a realização de mais de um exame. Após essa confirmação, inicia-se a entrevista familiar, etapa indispensável para a autorização da doação.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 45 mil pessoas aguardam por um transplante no Brasil, mas nem todas conseguem esperar. Em 2024, pelo menos 2.595 pessoas morreram na fila de espera, conforme dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT), responsável pela coordenação do processo de doação e distribuição de órgãos, atua em conjunto com as centrais estaduais e organizações que auxiliam na procura de doadores e na orientação às famílias. Mesmo que a pessoa tenha declarado em vida a intenção de ser doadora, a doação só é realizada com a autorização dos familiares.
Após a autorização, a logística para o transporte dos órgãos é ativada. A prioridade para transplantes é definida com base em critérios como gravidade do caso, compatibilidade com o doador e tempo de espera. Crianças e adolescentes têm prioridade quando o doador pertence à mesma faixa etária. Caso não haja receptores compatíveis no estado, a busca é ampliada para outras unidades da Federação.
O transporte de órgãos frequentemente envolve viagens de avião, realizadas por companhias aéreas ou pela Força Aérea Brasileira (FAB), que têm autorização para priorizar esses voos em relação a outros, incluindo o presidencial. De janeiro a setembro de 2024, a Central Nacional de Transplantes coordenou o transporte aéreo de 1.457 órgãos, sendo a maior parte realizada por companhias aéreas de forma gratuita. A FAB realizou 195 deslocamentos no mesmo período, com um custo de R$ 8,4 milhões para o governo federal.
O Ministério da Saúde destaca que nove em cada dez transplantes no Brasil são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São Paulo liderou em 2024 com 2.731 transplantes realizados. Paraná e Santa Catarina se destacaram como os maiores emissores de órgãos para outros estados, com 340 e 126 doações, respectivamente, de janeiro a setembro.
Apesar dos avanços, desafios persistem. Problemas logísticos, como indisponibilidade de voos ou condições meteorológicas desfavoráveis, impediram o transporte de 201 órgãos entre janeiro e agosto de 2024, o maior número registrado nos últimos cinco anos. Além disso, a recusa familiar ainda é o principal obstáculo: quatro em cada dez famílias entrevistadas após a morte encefálica de um parente optam por não permitir a doação.
Desde 2001, a taxa de doadores efetivos no Brasil aumentou de 5 para 20 a cada milhão de habitantes, mas o governo reconhece a necessidade de ampliar a conscientização sobre a importância da doação de órgãos. Para facilitar o processo, o Colégio Notarial do Brasil lançou em 2024 a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos, que pode ser preenchida online e acessada pelo Sistema Nacional de Transplantes para confirmar o desejo do doador.
Com os órgãos de um único doador, até oito vidas podem ser salvas, além da possibilidade de transplante de córneas, pele, ossos e outros tecidos. Apesar das dificuldades logísticas e culturais, o sistema de transplantes brasileiro busca constantemente superar desafios para garantir que a solidariedade de uma família em luto se traduza em vidas salvas.