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Um novo estudo realizado por pesquisadores da Emory University, nos Estados Unidos, aponta que produtos químicos usados para alisar ou relaxar cabelos podem aumentar o risco de desenvolver múltiplos tipos de câncer em até 166%.
A pesquisa analisou dados de mais de 50 mil mulheres americanas participantes do Sister Study, estudo de longo prazo que acompanha mulheres entre 35 e 74 anos sem histórico pessoal de câncer de mama, mas que têm pelo menos uma irmã diagnosticada com a doença. As participantes foram acompanhadas entre 2003 e 2021, com análise final incluindo 46.287 mulheres ao longo de uma média de 13,1 anos.
O estudo focou em cânceres com pelo menos 100 casos relatados durante o período de acompanhamento e investigou se as participantes haviam usado alisadores ou produtos de relaxamento capilar nos 12 meses anteriores à inscrição no estudo.
Segundo os pesquisadores, o uso desses produtos foi associado a riscos significativamente maiores de câncer. Em comparação com mulheres que não usavam, quem utilizava alisadores ou relaxadores apresentou:
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166% mais risco de câncer de pâncreas, considerado um dos mais letais devido à dificuldade de detecção precoce;
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71% mais risco de câncer de tireoide;
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62% mais risco de linfoma não-Hodgkin.
O risco aumentou ainda mais entre as usuárias frequentes (mais de quatro vezes por ano), com o câncer de pâncreas apresentando risco mais que dobrado. O estudo também sugeriu uma possível ligação entre o uso de alisadores e o câncer de rins, embora a associação tenha sido descrita como “positiva, mas imprecisa”.
Os produtos químicos contêm formaldeído, que é liberado na forma de gás, principalmente quando expostos ao calor, processo conhecido como “off-gassing”. A exposição repetida a esses vapores pode causar desde irritações leves nos olhos e no sistema respiratório até aumento do risco de câncer de cabeça, pescoço e outras regiões. O risco é ainda maior em ambientes mal ventilados, como banheiros ou quartos.
A American Cancer Society alerta que, em estudos com animais e humanos, o formaldeído tem sido associado a câncer de nariz, garganta, estômago e leucemia.
Outro dado relevante do estudo mostrou que o uso desses produtos varia significativamente por grupo racial:
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66% das mulheres negras;
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25% das mulheres hispânicas/latinas;
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1,3% das mulheres brancas não hispânicas.
“Esses resultados ampliam a compreensão sobre os efeitos adversos à saúde associados a esses produtos”, afirmam os pesquisadores, que também destacam a necessidade de investigações adicionais para identificar quais ingredientes específicos contribuem para o risco de câncer.
A pesquisa faz parte de uma preocupação crescente com os efeitos a longo prazo de tratamentos químicos capilares, especialmente em populações com maior frequência de uso.
Alguns países e estados já tomaram medidas de proteção. A União Europeia e pelo menos 10 estados americanos baniram ou propuseram banir formaldeído em produtos de higiene pessoal. Em 2023, a FDA propôs uma proibição nacional do uso de formaldeído em alisadores, que ainda não foi implementada. O estado de Washington, por exemplo, estabeleceu que todos os químicos liberadores de formaldeído serão proibidos em cosméticos e produtos de cuidado pessoal a partir de 1º de janeiro de 2027, permitindo apenas a venda de estoques existentes até essa data.
O estudo da Emory University foi publicado no Journal of the National Cancer Institute, reforçando a necessidade de atenção ao uso desses produtos e à regulamentação de seus componentes químicos.