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A hora do jantar pode ser um verdadeiro campo de batalha para muitas famílias. No entanto, para pais de crianças autistas, essa tarefa pode se tornar ainda mais complexa. Aqui, revelamos hábitos alimentares que podem indicar sinais de autismo e maneiras de tornar as refeições mais fáceis e agradáveis para seus pequenos.
Convencer as crianças a comer pode ser complicado em diversas ocasiões, mas para crianças neurodiversas o desafio é ainda maior. A psicóloga e diretora clínica da Carlton Psychology Ltd, Rebecca Ker, explica ao The Sun: ‘Para crianças neurodiversas, pode haver mais obstáculos para a alimentação.’ Mais de uma em cada 100 pessoas são autistas, sendo que existem pelo menos 700 mil adultos e crianças autistas no Reino Unido. Para muitas famílias, desenvolver estratégias em torno da alimentação se torna essencial para superar esses desafios.
Rebecca destaca: ‘As famílias muitas vezes precisam pensar e cuidar muito para ajudar uma criança autista a se sentir apta a comer. Compreender a causa dos hábitos alimentares de alguém é extremamente importante.’ Felizmente, existem muitas maneiras de garantir que crianças neurodiversas recebam a nutrição de que necessitam.
**Sinais nos hábitos alimentares de seu filho que podem sinalizar autismo**
Pais de crianças autistas frequentemente observam comportamentos incomuns ou atrasos no desenvolvimento antes dos 18 meses de idade. Conforme crescem, problemas relacionados à alimentação e comportamentos específicos na hora de comer podem se tornar mais evidentes. Esses problemas incluem:
– Preferência por alimentos processados e de cor bege
– Dificuldade em variar a dieta ou resistência a experimentar novos alimentos
– Gostar de um alimento ou refeição em casa, mas não em outros lugares
– Ter fortes preferências alimentares
– Alergias alimentares
Pessoas autistas podem ter dificuldades em se alimentar por diversas razões. Rebecca explica: ‘Crianças autistas podem precisar de previsibilidade, como sentar no mesmo lugar e usar o mesmo prato.’ Isso também pode se manifestar em ‘escolhas alimentares repetitivas ou alimentação restritiva’.
‘Existe uma condição chamada ARFID (transtorno de ingestão alimentar evitativa e restritiva), caracterizada pela evitação ou restrição de certos alimentos por uma série de razões – muitas vezes com um componente sensorial’, diz a Dra. Ker. ‘Elas podem ter problemas sensoriais, o que torna difícil tolerar certas texturas ou cheiros.’ Comer fora de casa pode ser particularmente desafiador.
A Dra. Ker observa: ‘Para crianças altamente sensíveis, a luz, o barulho e o ambiente de determinados locais podem ser avassaladores. Mesmo que o restaurante ofereça um alimento seguro, como macarrão com molho de tomate, se for diferente – se não for da marca segura ou apresentado de forma distinta – pode deixar de ser seguro.’
Por outro lado, essas características comportamentais ‘podem dificultar a obtenção de todos os nutrientes necessários através dos alimentos’. Sarah Osborne, fundadora da So Nutrition e nutricionista registrada BANT, concorda. Ela aponta: ‘Muitas vezes observamos que níveis de nutrientes essenciais como vitamina D, cálcio, ferro, zinco, vitaminas do complexo B e ômega-3 podem ser particularmente baixos. Isso pode impactar a saúde.’
‘Os pais com quem trabalho frequentemente estão preocupados com seus filhos e como aumentar a ingestão de alimentos’, acrescenta Sarah.
**Alergias alimentares e saúde intestinal**
A saúde intestinal e as alergias alimentares também desempenham um papel. Sarah comenta: ‘É mais comum ter alergias alimentares quando se é autista. Alergias a laticínios são bastante comuns.’
‘Existem conexões entre características neurodiversas e a doença celíaca – uma condição onde o sistema imunológico ataca seus próprios tecidos ao ingerir glúten.’
‘O equilíbrio de bactérias intestinais e a genética podem ter uma influência muito grande nos hábitos alimentares e no status nutricional.’
**Não force a alimentação**
Oferecer novos alimentos gradualmente e com delicadeza, sem forçar ou usar a comida como recompensa, é um bom começo. A Dra. Ker complementa: ‘Com uma criança autista, o mais importante é ser alimentada. Se estiverem vivendo de nuggets de frango e pão branco, não é uma boa ideia retirar os alimentos seguros e apresentar aqueles que poderiam ser melhores nutricionalmente.’
Sarah reforça: ‘O que queremos é que a criança tenha acesso aos alimentos que gosta, ao mesmo tempo em que, lentamente e gradualmente, é exposta a mais alimentos.’
‘Homenagear as preferências, gostos e desgostos de alguém, e apenas tentar, de forma gradual, aumentar o acesso a frutas, vegetais e fibras de maneira que se sinta segura e descomplicada, é o melhor.’ Ela recomenda modelar o comportamento que gostaria que seu filho seguisse: ‘Deixe sua criança perceber que esses alimentos são seguros comendo-os no mesmo ambiente, ajudando a criar o ambiente necessário para ela se sentir segura.’
‘Esteja ciente de que sons altos e sabores e texturas intensas podem ser muito desafiantes e procure atender sua criança onde ela está.’
**Cuidado com as ‘soluções’ perigosas**
Especialistas alertam para cuidados com qualquer um, ou qualquer produto, que propague o mito de que o autismo pode ser ‘resolvido’ ou ‘curado’. A indústria de suplementos pode ser obscura e confusa – e qualquer ‘solução’ rápida não deve ser confiada.
Dra. Ker afirma: ‘Me sinto bastante protetora em relação a algumas famílias neurodiversas com quem trabalho, pois muitas vezes são vulneráveis.’
‘Eles desejam que a vida do filho fosse mais fácil. Fariam qualquer coisa.’
‘Alguns suplementos são comercializados para eles, oferecendo essa cura mágica. Mas não existe cura para o autismo.’
‘É uma diferença de desenvolvimento, e qualquer coisa que alegue tratar o autismo me deixaria desconfiada.’
No entanto, crianças com ARFID podem precisar de ajuda. Dra. Ker diz: ‘Pode ser recomendado que tomem suplementos como vitamina D ou ferro para ajudar a atender às necessidades nutricionais.’ Mas os pais nunca devem comprar medicamentos ou suplementos online – sempre consultem seu médico primeiro.
**Trabalho em torno da função executiva**
Para crianças autistas mais velhas e adolescentes, especialmente aqueles que também têm TDAH, preparar sua própria comida pode ser difícil. Isso se deve ao fato de que as funções executivas podem impactar o preparo de alimentos e a capacitação para alcançar metas nutricionais mais complexas.
As funções executivas são habilidades mentais que ajudam a planejar, tomar decisões e processar informações.