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Após passar 38 anos atrás das grades, Peter Sullivan, de 68 anos, teve sua condenação por assassinato anulada pela Justiça do Reino Unido e deixou a prisão na noite desta segunda-feira (13). Ele havia sido sentenciado à prisão perpétua pelo assassinato brutal da florista Diane Sindall, de 21 anos, em 1986. Segundo a imprensa local, agora, ele poderá receber uma indenização de até £1 milhão (cerca de R$ 6,5 milhões).
Conhecido na época como “a Fera de Birkenhead”, Sullivan sempre alegou inocência. Ao deixar a prisão, declarou: “Não estou amargurado nem com raiva” e afirmou que agora irá “começar a reconstruir o que fiz com os destroços que restaram da minha vida”. Em comunicado divulgado por sua advogada, Sarah Myatt, ele também declarou: “Assim como Deus é minha testemunha, dizem que a verdade vos libertará. Infelizmente, não dizem em quanto tempo.”
A reviravolta no caso ocorreu após avanços na análise de DNA revelarem que um homem desconhecido seria o autor do crime — e não Sullivan. O novo perfil genético não corresponde ao do ex-detento, nem consta no banco nacional de DNA, o que reacendeu a dor entre os familiares da vítima. A polícia de Merseyside já iniciou uma nova investigação sobre o assassinato.

Um esboço do tribunal mostra Peter Sullivan, agora com 68 anos, reagindo ao descobrir que sua condenação havia sido anulada em 13 de maio
Durante a sessão na Corte de Apelação, o juiz Lord Justice Holroyde afirmou: “Por mais forte que fosse a evidência circunstancial no julgamento, agora é necessário considerar a nova prova científica que aponta para outra pessoa — o homem desconhecido.” E completou: “Se essa evidência estivesse disponível em 1986, o conjunto probatório seria considerado insuficiente. À luz disso, é impossível considerar a condenação como segura.”
Sullivan ouviu a decisão por videoconferência da prisão de Wakefield e demonstrou pouca reação inicial, mas depois chegou a enxugar os olhos, diante da dimensão da notícia.
Do lado de fora do tribunal, sua irmã Kim Smith, acompanhada dos irmãos Mark e David, declarou que a família tentará “reconstruir uma vida ao redor dele”. Kim também expressou solidariedade à família da vítima: “Perdemos Peter por 39 anos… [ele] não venceu, e a família de Diane Sindall também não. Eles perderam a filha, e não vão tê-la de volta.”
Sullivan foi condenado à prisão perpétua em 1987, com pena mínima de 16 anos, mas teve pedidos de liberdade condicional negados diversas vezes por nunca ter admitido o crime. Em 2019, ele tentou recorrer da condenação, mas o pedido foi rejeitado em 2021. Somente em novembro de 2023, a Comissão de Revisão de Casos Criminais enviou o caso à Corte de Apelação, após novos exames de DNA revelarem um perfil genético que não era de Sullivan. A tecnologia usada só passou a existir em 2015.
Diane Sindall foi assassinada após sair de um pub onde trabalhava como garçonete temporária para juntar dinheiro para seu casamento. Ela caminhava até um posto de gasolina quando foi atacada. Seu corpo foi encontrado cerca de 12 horas depois, em um beco próximo.
Durante o julgamento, a promotoria alegou que Sullivan, um ex-operário com histórico de pequenos delitos e problemas cognitivos, teria agido sob efeito de álcool e com um pé de cabra emprestado. Ele negou ter estado na cena do crime e afirmou que confissões feitas à polícia ocorreram após agressões e abusos de agentes.
Agora livre, Sullivan será indenizado pelo Ministério da Justiça britânico, mas o valor é limitado. Casos como o de Andrew Malkinson, libertado em 2023 após 17 anos preso injustamente, mostram que o montante é visto por muitos como insuficiente. “£1 milhão não é suficiente para compensar erros tão graves da Justiça”, afirmou Malkinson na época.
Em nota, o Ministério da Justiça declarou: “Peter Sullivan foi vítima de uma grave falha judicial. Nossos pensamentos estão com ele e com a família de Diane Sindall. Vamos analisar cuidadosamente esta decisão, entender como isso aconteceu e garantir que tanto Sullivan quanto os familiares de Diane tenham as respostas que merecem.”
