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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) e defendeu mudanças no modelo de financiamento internacional durante a abertura da 10ª reunião anual do conselho do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), nesta sexta-feira (4). O evento foi realizado no âmbito do banco dos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Durante o discurso, Lula afirmou que a ONU tem se mostrado enfraquecida diante dos principais conflitos globais. “Há muito tempo eu não via a nossa ONU tão insignificante como ela se apresenta hoje. Uma ONU que foi capaz de criar o Estado de Israel não é capaz de criar o Estado Palestino. Não é capaz de fazer um acordo de paz para [evitar] que o genocídio do exército israelense continue matando mulheres e crianças inocentes em Gaza”, disse.
O presidente também declarou que o principal desafio atual não é de natureza econômica, mas política. “Essas lideranças políticas é que têm que tomar as decisões sobre as questões econômicas”, afirmou.
Lula fez críticas às políticas de austeridade econômica adotadas por instituições financeiras tradicionais e defendeu a criação de um novo modelo de financiamento, especialmente voltado a países em desenvolvimento. “Vocês podem e devem mostrar ao mundo que é possível criar um novo modelo de financiamento sem condicionalidades. O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo”, declarou.
Segundo o presidente, medidas de austeridade aumentam a desigualdade social. “A chamada austeridade exigida pelas instituições financeiras levou os países a ficarem mais pobres, porque toda vez que se faz austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico. É isso que acontece no mundo de hoje e é isso que nós temos que mudar”, disse.
Lula também mencionou a situação de endividamento de países africanos. “Não é possível que o continente africano deva US$ 900 bilhões e o pagamento de juros seja muito maior do que qualquer forma de novos investimentos”, afirmou, sem detalhar propostas específicas sobre o novo modelo sugerido.
As declarações do presidente foram feitas em meio a debates internos sobre a política fiscal brasileira. A decisão do Congresso Nacional de derrubar um decreto do governo que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) levou o caso ao Supremo Tribunal Federal. Parlamentares têm criticado a suposta falta de austeridade do governo, enquanto o Executivo argumenta que busca promover justiça tributária e equilibrar as contas públicas por meio da taxação de contribuintes de maior renda.