O presidente Vladimir Putin afirmou na quarta-feira que a Rússia preferiria que Joe Biden ganhasse um segundo mandato, descrevendo-o como mais experiente que Donald Trump. Em uma entrevista com um jornalista da televisão estatal russa, Putin declarou que trabalhará com qualquer líder americano eleito, mas indicou que preferiria a vitória de Biden quando questionado sobre quem seria uma melhor opção para a Rússia. “Biden tem mais experiência, é mais previsível, é um político da velha guarda”, disse Putin. “Mas trabalharemos com qualquer líder americano em quem o povo americano confie”.
Os comentários de Putin foram os primeiros sobre as próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos, que provavelmente terão Biden enfrentando Trump, e surgem em meio a crescentes tensões entre republicanos e democratas pelos esforços de Biden para enviar mais ajuda militar a Kiev. No entanto, as recentes declarações de Trump questionando o financiamento americano para a Ucrânia e dizendo que quer abalar a aliança da OTAN podem servir melhor a Putin. Biden acusou Trump na terça-feira de ter “se curvado a um ditador russo”.
Quando questionado sobre especulações sobre os problemas de saúde de Biden, Putin respondeu que “não sou médico e não considero apropriado comentar sobre isso”.
O time de Biden trabalhou para aliviar as preocupações democratas sobre os alarmes gerados por um promotor especial sobre a idade e a memória de Biden. Eles chegaram a um relatório que determinou que Biden não seria acusado de qualquer atividade criminosa por posse de documentos classificados depois que deixou o cargo.
Putin apontou que as conversas sobre a saúde de Biden ocorrem quando “a campanha eleitoral está se intensificando nos Estados Unidos e está tomando um rumo cada vez mais acalorado”.
Ele também observou que acusações sobre os problemas de saúde de Biden estavam circulando quando se encontraram na Suíça em junho de 2021, acrescentando que viu o líder americano em boa forma.
Ao mesmo tempo, Putin afirmou que considera equivocada a política da administração Biden.
Os laços entre Rússia e Ocidente caíram para seus níveis mais baixos desde a era da Guerra Fria depois que Putin enviou suas tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022.
“Penso que a posição da atual administração é muito defeituosa e equivocada, e eu disse isso ao presidente Biden”, disse Putin.
Putin argumentou que Moscou foi forçado a agir depois que a Ucrânia e seus aliados se recusaram a cumprir um acordo de 2015 para conceder mais poder aos territórios separatistas no leste da Ucrânia, onde os separatistas apoiados por Moscou lançaram uma rebelião em 2014.
Quando questionado sobre a declaração de Trump no sábado, na qual disse que uma vez advertiu que permitiria à Rússia fazer o que quisesse com os países membros da OTAN que são “criminosos” ao dedicar 2% de seu produto interno bruto à defesa, Putin respondeu que cabe aos Estados Unidos determinar seu papel na aliança.
A declaração de Trump contrasta fortemente com a promessa de Biden de “defender cada centímetro do território da OTAN”, conforme a aliança se compromete a fazer todos os membros em caso de ataque. Chocou muitos na Europa, levando a Polônia, França e Alemanha a se comprometerem a reforçar o poder de segurança e defesa da Europa.
Putin apontou que a declaração de Trump seguiu sua política durante seu primeiro mandato, quando instou os aliados da OTAN na Europa a aumentar seus gastos com defesa.
“Ele tem sua própria opinião sobre como as relações com os aliados deveriam se desenvolver”, disse Putin sobre Trump. “Do ponto de vista dele, isso tem certa lógica, enquanto do ponto de vista dos europeus não há lógica, e eles gostariam que os Estados Unidos continuassem desempenhando algumas das funções que desempenharam desde a formação da OTAN de graça”.
Ele descreveu a OTAN como uma “ferramenta de política externa dos Estados Unidos” e acrescentou que “se os Estados Unidos acham que não precisam mais dessa ferramenta, cabe a eles decidir”.
O porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, respondeu aos comentários de Trump dizendo que “encorajar a invasão de nossos aliados mais próximos por regimes assassinos é assustador e demente, e coloca em risco a segurança nacional americana, a estabilidade global e nossa economia interna”.
Quando questionado sobre suas impressões da entrevista da semana passada com o ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, Putin disse que esperava que Carlson fosse mais agressivo. Putin aproveitou a entrevista para impulsionar sua narrativa sobre os combates na Ucrânia, instando Washington a reconhecer os interesses de Moscou e pressionando Kiev a sentar-se para conversar.
Carlson não questionou Putin sobre os crimes de guerra pelos quais as tropas russas foram acusadas na Ucrânia, nem sobre sua implacável repressão à dissidência.
“Eu esperava que ele fosse agressivo e formulasse as chamadas perguntas difíceis, e não apenas estava preparado para isso, mas queria isso porque me teria dado a oportunidade de responder com firmeza”, disse Putin.
(com informações da AP)
