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A defesa do médium João Teixeira de Farias, conhecido como João de Deus, anunciou hoje (24), que deixou a causa. Em nota, o advogado Alberto Toron informou que equipe de nove profissionais não vai mais atuar a favor do médium por “imperativo ético”. O motivo não foi divulgado.
O grupo atua há sete meses na defesa de João de Deus, que foi preso no dia 16 de dezembro do ano passado. Segundo informaram os advogados Toron e Alex Neder, a equipe segue respondendo profissionalmente nas ações pelo período de dez dias, a partir da renúncia desta quarta.
Ele é acusado de abusar sexualmente de dezenas de mulheres durante atendimentos espirituais, mas sempre negou os crimes. O réu também é processado pela posse de armas, crime que admitiu em audiência, segundo a defesa, mas alegou não saber que era ilegal guardá-las em casa. João de Deus está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital.
Na nota de renúncia à causa, a defesa técnica não informa o motivo da saída da equipe, mas volta a afirmar que acredita na inocência de João de Deus.
“Por imperativo ético, não podemos declinar as razões. Contudo, reiteramos nossa confiança na inocência do Sr. João e repudiamos a irreparável injustiça de manter preso preventivamente, sem os devidos cuidados médicos, um homem de 77 anos, doente, que ainda aguarda um veredicto sobre as acusações lançadas contra si”, diz a nota.
No último depoimento à Justiça, João de Deus negou as acusações e afirmou que nunca praticou abusos contra as mulheres que frequentaram a Casa Dom Inácio Loyola (GO), onde atendia pacientes em busca de cura espiritual. Ele foi preso preventivamente em 16 de dezembro do ano passado.
Até o momento, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) apresentou nove denúncias contra ele, nas quais é acusado de crimes como estupro de vulnerável e violação sexual. Segundo o MP, os crimes ocorreram pelo menos desde 1990, sendo interrompidos em 2018, quando as primeiras denúncias foram divulgadas pela imprensa.
Nota da defesa de João de Deus na íntegra:
Após sete meses de intensos trabalhos, com a realização de quase uma centena de audiências de norte a sul do Brasil, bem como a impetração e sustentação oral de inúmeros habeas corpus e recursos perante o Tribunal de Justiça de Goiás, o STJ e o STF, a defesa técnica do Sr. João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, renuncia à causa. Por imperativo ético, não podemos declinar as razões. Contudo, reiteramos nossa confiança na inocência do Sr. João e repudiamos a irreparável injustiça de manter preso preventivamente, sem os devidos cuidados médicos, um homem de 77 anos, doente, que ainda aguarda um veredicto sobre as acusações lançadas contra si. Confiamos que em um futuro breve a verdade e a Justiça sejam restabelecidas.
Alberto Zacharias Toron, Alex Neder, Luísa Moraes Abreu Ferreira, Renato Martins, Paulo Sergio Coelho, Giovana Paiva, André Perasso, Eduardo Macul e Robert Koller, advogados.