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Na primeira entrevista após sua expulsão do PSL, publicada hoje na Folha de São Paulo, o deputado Alexandre Frota não poupa aquele que acusa de ter sido o único responsável por sua desfiliação forçada da legenda: o presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Frota, Bolsonaro não aceita críticas e sugere que há no partido muitos outros filiados descontentes, mas que até o momento ninguém teve coragem de se insurgir contra o que ele classifica como “ditadura bolsonarista”; mas prevê que a base partidária do presidente se desmanchará em breve:
—Ele tem que levantar as mãos para o céu por ainda ter do lado dele o Paulo Guedes, o Sergio Moro. Mas o castelinho de areia uma hora vai ruir e ele vai ficar perdido como um cachorrinho vira-lata numa montanha de lixo.
Em outro trecho da entrevista, Frota se refere ao presidente como “um idiota ingrato que nada sabe“; e prossegue:
— Bolsonaro se mostra, muitas vezes, infantil. Ele não está preparado para o cargo para o qual foi eleito (…) Ele acredita nas verdades criadas, nas próprias fantasias dele.
O deputado classifica o presidente como “inseguro, medroso e caricato” e analisa o movimento que o elegeu e que lhe dá sustentação:
— Bolsonaro está fazendo parte de uma matilha cultural e social de extrema-direita, que assim como a esquerda, que durante muito tempo trabalhou isso, acham que vão dominar o país. E aí entram com as agressões, com as humilhações aos aliados, aos amigos, aqueles que o ajudaram a levá-lo à Presidência da República.
Ator de pouquíssima expressão e que, na verdade, se notabilizou por participações em realities shows e, principalmente, como astro de produções pornográficas, Alexandre Frota, 55, assim como tantos outros, começou a desempenhar sua militância política através das redes sociais há poucos anos, com discurso de oposição à esquerda. Com cerca de 150 mil votos, foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal nas eleições do ano passado.
Sua biografia política, portanto, é praticamente zero.
Todavia, para qualquer observador pragmático, que analise as palavras e ações do presidente, bem como o movimento que o transformou em fenômeno popular, o elegeu e até hoje lhe dá sustentação, nada do que Frota diz é exatamente surpreendente ou parece, de alguma forma, descolado da realidade:
o que ele faz nada mais é do que o rascunho de uma síntese sobre Bolsonaro e o bolsonarismo.
Tanto é assim que, em reação à sua insubordinação, os intelectuais orgânicos do bolsonarismo – figurinhas carimbadas que todos conhecemos – de pronto iniciaram o trabalho para o qual estão sempre a postos:
a esculhambação pública, a desqualificação, o bom e velho assassinato de reputação – muito embora o personagem em questão sequer tenha exatamente uma reputação a defender.
Enquanto decide se aceita os convites de filiação do DEM ou do PSDB, Frota agora encara sua nova fase política:
a de ex-aliado transformado em desafeto.
Já são vários; e nos próximos meses, anos, ao que tudo indica, serão muitos mais.
— A impressão que eu tenho é que o Bolsonaro não saiu da campanha. Ele acha que o Palácio é um palco.
Impressão, Frota?
Link para a matéria da Folha: Bolsonaro não é burro, mas um idiota ingrato que nada sabe.