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Janaina, a conciliadora

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Que o momento vivido pelo ministro Sergio Moro é de extrema tensão e insegurança, não restam dúvidas:

sob pesado ataque das forças que tentam desacreditar sua atuação enquanto juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba (motivadas pelo evidente propósito de colocar em liberdade o detento mais famoso do Brasil), Moro tem também convivido nas últimas semanas com os atos e palavras intempestivas do presidente da república, que têm colocado em cheque sua autoridade e, do ponto de vista de muitos, gradualmente desidratando seu prestígio e afastando-o dos objetivos que tinha ao aceitar o convite para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

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A tentativa explícita por parte de Bolsonaro de interferir na escolha do novo superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro – adornado da maneira mais bolsonariana possível com um inconfundível “quem manda sou eu” -, atropelando a autonomia do órgão e, por extensão, o próprio ministério ao qual o mesmo é subordinado, foi o mais recente episódio de uma crise que parece não ter mais fim.

Com cada vez mais indícios de que o pano de fundo da tentativa de interferência do presidente na PF são as investigações envolvendo sua família – em especial o senador Flávio Bolsonaro -, é mais do que natural que as ações (ou, no caso, a falta de ação) do “herói” da Lava Jato estejam sob os olhares e sob o escrutínio da opinião pública.

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São poucos os que não consideram que a situação de Moro no governo está se tornando extremamente incômoda – e alguns já apostam em um pedido de demissão.

A respeito desse cenário, em uma série de postagens em sua página no Twitter, manifestou-se ontem (17) a deputada estadual Janaína Paschoal.

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Entendida por alguns como tentativa de contemporização (ou de, na linguagem corrente, “passar o pano”) aos desastres verbais e arroubos autoritários do presidente, a manifestação de Janaína me pareceu, além de ter a finalidade de promover a conciliação, trazer embutido um pedido – quase uma súplica:

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para que Sergio Moro tenha paciência, temperança, espírito público e, enfim, não deixe o governo; e o trecho em que ela diz ser necessário “perder o amor próprio” sinaliza nessa direção.

Em seguida, ao definir a função dele como “de Estado” e não “de governo” (mesmo incorrendo em um erro proposital), parece mesmo dizer “você é maior que isso” ou “você seguirá acima, além e depois disso”.

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Janaína e Moro são duas personagens surgidas e transformadas em celebridades na mesma época e pelos mesmos motivos: desempenhando papéis diferentes, ambos foram peças fundamentais para que, no intervalo de poucos anos, o cenário político brasileiro passasse por transformações radicais.

Tendo recebido a chance de fazer parte do governo – recusou o convite para ser vice de Bolsonaro -, Janaína, com toda certeza, não se arrepende de ter escolhido outra porta de entrada para a política; e, como muitos de nós, parece de alguma forma lamentar a escolha de Moro – mas entende que a eventual saída de cena dele agora pode ser uma escolha ainda pior.

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Estou entre os que torcem para que Janaína Paschoal tome gosto pela política; para que ganhe traquejo, adquira experiência, que pouco a pouco conquiste protagonismo;

e para que venha a ser, dentro de alguns anos, a liderança – enérgica, combativa, inclemente com desvios, como todos desejamos; mas também com espírito democrático, despida de ressentimentos, com capacidade de diálogo, com um olhar mais terno e amoroso a respeito do desempenho de um cargo público conferido pelo voto popular.

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Torço para que Janaína seja, um dia, a liderança que não temos.

 

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