O presidente Bolsonaro assinou nesta sexta a Medida Provisória que cria a carteirinha de estudante digital, gratuita, emitida pelo MEC e sem necessidade de um documento físico.
A medida é excelente exatamente pelas razões que fizeram brilhar de satisfação os olhos do presidente no anúncio:
a nova identificação deverá desidratar os autênticos cartórios em que foram transformadas as organizações estudantis – especialmente a UNE e a Ubes – pela lei editada em 2013 pela ex-presidente Dilma Rousseff; sabidamente aparelhadas pelos partidos de esquerda dos quais há muito se configuram como autênticas extensões, essas entidades têm na emissão do documento sua principal fonte de financiamento.
Mas um governo eleito com a bandeira do liberalismo poderia – e deveria – fazer muito mais do que usar a matéria para fins políticos: deveria elaborar e encaminhar ao Congresso Nacional uma legislação extinguindo a famigerada carteirinha, que, na prática, trata-se de dar esmola com o chapéu alheio.
A lei de Dilma – que continua em vigor – determina que 40% da carga de ingressos de qualquer evento cultural ou esportivo – desde um espetáculo semi amador de balé, até os clássicos do campeonato brasileiro de futebol – sejam destinados a estudantes, “jovens carentes” (pessoas entre 15 e 29 anos, cadastradas em programas sociais estatais e cuja renda familiar seja de até dois salários mínimos) e a portadores de deficiências (extensivo a seus acompanhantes):
toda essa gente tem o direito de – por mágica – pagar apenas metade do preço do ingresso; e todos fazem de conta que não sabem que os promotores de qualquer evento ajustam os preços de maneira a diluir a perda – e, para que o Estado possa praticar sua bondade demagógica, todos acabam pagando mais caro.
A concessão de meia entrada ou de gratuidades deveria ser prerrogativa do dono do evento: a carteirinha de estudante – digital ou de papel, do Bolsonaro ou da UNE – nada mais é do que a materialização da crença estúpida de que é possível haver almoço grátis.